METRÔ


Linha 4 do metrô: começa segunda-feira a instalação de tapumes em três praças de Ipanema e Leblon

Jardim de Alah e praças Nossa Senhora da Paz e Antero de Quental ganharão estações, e obras deverão começar simultaneamente


Aprovado. O ator Marcos Caruso, que mora no Leblon, é favorável à expansão do metrô
Foto: Fábio Rossi / O Globo
Aprovado. O ator Marcos Caruso, que mora no Leblon, é favorável à expansão do metrôFÁBIO ROSSI / O GLOBO
RIO — Quando os moradores de Ipanema e do Leblon acordarem nesta segunda-feira vão encontrar novidades na paisagem. As intervenções para a construção do trecho da Linha 4 do metrô que passará pela Zona Sul vão começar a todo vapor com a instalação de tapumes no entorno do Jardim de Alah e das praças Nossa Senhora da Paz e Antero de Quental, locais que ganharão estações e onde as obras do metrô deverão começar simultaneamente, dando a partida na perfuração das galerias. Pelas dimensões da máquina de perfuração, conhecida como “tatuzão”, será necessário fechar a Estação Cantagalo por 15 dias e a Estação General Osório por oito meses, a partir de fevereiro, depois do carnaval.
Entre 15 dias e um mês, a partir do cercamento das praças, dois trechos da Avenida Ataulfo de Paiva serão interditados. A proibição do tráfego entre as avenidas Borges de Medeiros e Afrânio de Melo Franco e entre as ruas Bartolomeu Mitre e General Urquiza vai durar cerca de um ano e meio.
A prefeitura disse que a CET-Rio ainda está planejando os desvios de trânsito no Leblon, que serão divulgados nos próximos dias. A indefinição preocupa a presidente da associação de moradores do bairro, Evelyn Rosenzweig:
— A informação deveria chegar com mais antecedência para que pudéssemos nos planejar.
Evelyn especula que, com o bloqueio de dois trechos da Avenida Ataulfo de Paiva, as alternativas naturais para escoar o tráfego seriam a Delfim Moreira e a Humberto de Campos. Para reduzir o tráfego no Leblon durante as obras, Evelyn está negociando com o consórcio construtor da Linha 4 a colocação de um micro-ônibus no bairro. Segundo ela, a medida evitaria que moradores usem o carro para circular no bairro.
Segundo o governo do estado, as garagens de edifícios residenciais não serão afetadas pelas interdições. A única exceção é o edifício Clirian, na Avenida Ataulfo de Paiva 802. Os moradores do prédio de nove andares não poderão estacionar nas 11 vagas disponíveis, mas o governo promete oferecer um serviço de valet parking.
— Não fomos informados sobre o que vai acontecer nem sobre as alternativas que o estado vai oferecer — reclama o síndico Marcelo Camanho.
Moradora vende carro
Há 35 anos do edifício, a música Célia Vaz já se antecipou e vendeu o carro.
— Estou sabendo que vai ter obras e resolvi me desfazer do carro para evitar problemas porque não sabia como poderia entrar e sair do prédio com o meu veículo. Já estou andando de táxi e de ônibus — diz Célia, que aprova a chegada do metrô.
Estão sendo implantados três canteiros de apoio às obras: um na Leopoldina, onde serão fabricados os anéis de concreto que serão usados para revestir os túneis escavados, outro no Jardim de Alah, que abrigará centrais de operação e estocagem, e um terceiro na área do 23º BPM (Leblon). Numa fase posterior, será erguido um canteiro na Rua Igarapava, que terá o primeiro quarteirão interditado. A Rua Aperana terá a mão invertida, em data ainda não divulgada.
Para minimizar os transtornos que a circulação de caminhões que farão o transporte de material entre os canteiros e a remoção do entulho das escavações poderiam causar, o secretário-chefe da Casa Civil do estado, Régis Fichtner, afirma que os veículos circularão prioritariamente à noite.
— Nas obras de Copacabana, mais de 20 mil caminhões circularam e ninguém nem percebeu — diz ele.
Com 120 metros de comprimento, o tatuzão vai ser montado dentro da Estação General Osório. À medida em que ele for avançando, instalará simultaneamente aduelas, que são anéis de concreto que servem para revestir internamente e sustentar o túnel recém-aberto. O equipamento também retira o material escavado e é capaz de trabalhar tanto em rocha quanto areia. Ele passará por baixo de edifícios, evitando bate-estacas, explosões e aberturas de valas na superfície das ruas.
— Com o tatuzão, o metrô vai até onde o passageiro está. Em Copacabana, como não havia essa tecnologia, as estações foram feitas dentro da rocha e acabaram ficando longe dos passageiros. Se as estações fossem debaixo da Nossa Senhora de Copacabana, teriam mais movimento. Em Ipanema, faremos as estações debaixo de onde as pessoas moram — diz Fichtner.
Em Ipanema, nenhuma rua ou calçada será interditada para a construção da estação na Praça Nossa Senhora da Paz, que, mesmo durante as obras, terá um pedaço destinado ao lazer dos moradores. Mas, numa fase mais adiantada das intervenções, dois trechos das ruas Farme de Amoedo e Aníbal de Mendonça serão ocupados parcialmente.
O governo do estado informou que 228 das 298 árvores da praça não serão afetadas. Vinte e duas serão removidas e substituídas por mudas. Outras 48 serão retiradas durante a obra e replantadas depois. O destino das árvores mobilizou moradores. Enquanto a presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia Fernandes Loureiro, disse estar satisfeita com a solução, a coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema, Ignez Barreto, reclama:
— Vão sacrificar árvores e colocar mudas de um metro no lugar.
A inauguração da Linha 4 (Barra da Tijuca-Ipanema) é estimada para o primeiro semestre de 2016.
Até ‘Leleco’ aprova expansão do serviço
A possibilidade de haver uma piora no trânsito por conta das obras do metrô da Linha 4 é o que mais preocupa os moradores. Pesquisa Ibope, encomendada pelo Consórcio Linha 4, responsável pelo projeto, e pelo governo do estado mostra que 71% consideram esse o maior problema nos próximos meses. Em segundo lugar (34%) estão os fechamentos de ruas, seguidos do barulho causado pelos trabalhos (30%).
Apesar dessas preocupações, 92% dos entrevistados são favoráveis à construção da Linha 4. Nos bairros que serão diretamente beneficiados (Ipanema, Leblon, Gávea, São Conrado, Rocinha e Barra), 89% afirmaram que querem o metrô. O ator Marcus Caruso, que vive o personagem Leleco na novela “Avenida Brasil”, da TV Globo, é um dos favoráveis à expansão.
— Haverá transtorno por um ou dois anos? É possível. Mas sou totalmente favorável à expansão do metrô. Deveria haver uma estação a cada três quarteirões — defende Caruso, que tem carro, mas prefere andar de bicicleta pelo Leblon.
Gerente de um restaurante que funciona há mais de 30 anos na Avenida Ataulfo de Paiva, também no Leblon, Luiz Pereira acredita que as interdições em alguns trechos de via complicarão o trânsito, mas o benefício deverá ser maior quando o metrô for inaugurado.
— Não tem jeito. As obras trarão algum transtorno, mas acho que será melhor para o bairro. Não sabemos ainda qual será o impacto no nosso movimento, já que a maior parte dos nossos clientes é de moradores do próprio bairro, que costumam vir andando — diz Pereira.
Segundo a pesquisa, 81% dos entrevistados que moram nos bairros beneficiados pelo metrô dizem que pretendem usar a nova linha. Esse percentual é de 25% no restante da cidade. O Ibope também perguntou aos moradores qual é o seu principal meio de transporte. Pelo levantamento, 80% disseram que utilizam ônibus, seguido de metrô (31%) e de carro (29%). A mesma pergunta feita para os moradores dos bairros por onde passará a Linha 4 mostrou o seguinte resultado: ônibus (66%), metrô (49%) e carro (46%).





Um comentário:

  1. O prefeito pede a compreensão dos cariocas sobre os transtornos no trânsito causados pelas obras da região portuária mas se esquece de pedir o mesmo com relação às obras do metrô de Ipanema. Transtornos no trânsito causados pela adaptação do projeto da estação, para preservar a Praça N. Sra. da Paz, são aceitáveis. Compensa suportar um ou dois anos de transtornos, quando o benefício é manter uma área verde belíssima por muitas décadas mais. A pressa para aprontar a cidade para a Copa e Olimpíadas atropela a preservação ambiental. Ideal seria que todos os bairros da cidade tivessem uma Praça com esta.

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