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ESSES MOTORISTAS ANDAM ENLOUQUECIDOS ,TAL A VELOCIDADE .




Recebi pela internet interessante vídeo focalizando um motorista de ônibus, africano, negro, sendo homenageado pelos dinamarqueses louros, em sua Dinamarca branca, por ocasião de seu aniversário. A homenagem, emocionante, não só para ele mas para todos que a puderam presenciar, até em vídeo, era a recompensa pela sua irrepreensível conduta, não só na arte de conduzir o seu veículo mas, e principalmente, pelo seu relacionamento gentil e solícito para com os seus passageiros.
Senti-me envergonhado pelo que aqui acontece neste serviço publico, apelidado de transporte de massa, muito mais pelo contrato de trabalho a que são sujeitos os motoristas do que pela sua má índole. Afinal, são todos, ou a sua maioria, chefes de família responsáveis.
Tive a oportunidade, durante os meus períodos de ser o responsável pelo trânsito em minha cidade, de tentar coibir este estado de coisas. Não atuei somente em tentar disciplinar o seu procedimento quando dirigindo o seu veículo, na medida em que lhes selei a bomba injetora Bosch, limitando a velocidade em 60k/h; mandei pintar no teto o número de série dos ônibus para facilitar a fiscalização do alto das janelas dos prédios ou de helicóptero; estabeleci uma ronda permanente de motociclistas fiscalizando-os nas pistas do Aterro (Avenida Infante Dom Henrique); mandei desligar suas buzinas, que eram usadas como instrumento de agressão, e, finalmente, não apenas multar seus condutores mas fazê-los frequentar a Escolinha de Reciclagem para corrigi-los ou melhor, educá-los.
Não satisfeito de atuar no efeito de seu contrato de trabalho, atuei na causa, junto às autoridades trabalhistas, no sentido de fiscalizar os deslizes absurdos, então existentes, como o famigerado “bife”, ou seja, o prêmio para aqueles que fizessem mais viagens. Tudo isto foi fruto de uma carta a mim dirigida — por um ex-marinheiro que comigo servira e que havia, ao se retirar da Marinha, se tornado motorista de ônibus — denunciando todos os desrespeitos à dignidade da pessoa humana. Escrevia a mim, de um sanatório de tuberculosos, onde fora internado, vítima desta doença, fruto de seu trabalho desumano. (Já repararam que não existe uma previsão do lugar e tempo em que os motoristas possam se alimentar ou realizar suas necessidades fisiológicas?). Infelizmente, por motivos que não me cabe avaliar, tais medidas sofreram solução de continuidade e, hoje, não sei se existe alguma delas.
No sábado passado (20/10) o jornal O Globo, com o título Os ônibus no cabresto , noticiava, elogiando, as medidas corajosas e civilizadas adotadas pelo laborioso secretário, Alexandre Sansão, recorrendo a medidas eletrônicas para a fiscalização dos coletivos. Bravo! Mais uma medida corajosa para enfrentar o forte e poderoso lobby dos proprietários de ônibus. Pretende ela poder registrar as irregularidades, segundo a notícia, mais comuns, a saber: identificar os infratores; o atendimento noturno, o excesso de lotação, o não atendimento às paradas, a obstrução dos cruzamentos, o tempo de viagem, a falta de respeito aos idosos.
Desejo sucesso e, se possível, que a medida fiscalize as causas destas irregularidades. Vai se surpreender. Quem sabe, dentro de alguns anos, possamos assistir  à mesma cena que recebi na internet, só não sabendo dizer quem será o homenageado, se o motorista, o empresário de ônibus ou a autoridade pública responsável pela normalidade deste importante meio de transporte público.

* Celso Franco, oficial de Marinha reformado (comandante), foi diretor de Trânsito do antigo estado da Guanabara e pre
Jornal do Brasil, 29/10/2012

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