ORLA


Grades são substituídas por vidros em condomínios da orla carioca

Paisagem fica visualmente mais limpa; medida é aprovada por moradores

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Na orla da Zona Sul, vários prédios já trocaram as grades por vidros
Foto: Felipe Hanower / Agência O Globo
Na orla da Zona Sul, vários prédios já trocaram as grades por vidrosFELIPE HANOWER / AGÊNCIA O GLOBO
RIO — Gradear propriedades privadas virou febre nos anos 90 e desde então faz parte do visual da maioria dos edifícios do Rio. Mas, apesar da sensação de segurança, é consenso que o amontoado de ferro não beneficia a beleza e a estética da cidade maravilhosa. Pensando nisso, muitos condomínios da orla carioca vêm substituindo as grades metálicas por vidros, que deixam a paisagem visualmente mais limpa.
Para o consultor de desenvolvimento urbano da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi), David Caderman, o vidro resgata a ideia de que os edifícios estão integrados à cidade:
— Substituir grades por vidros já é um avanço muito grande. É uma forma de conseguir um contato com a rua, com as pessoas, de resgatarmos a ideia de fazer parte de um ambiente urbano, o que perdemos com a instalação de grades.
Na opinião de arquitetos, o ideal seria que os gradis fossem totalmente extintos. Enquanto a insegurança não permite isso, o vidro passa a ser uma alternativa menos agressiva aos olhos.
— A grade denuncia uma sociedade aprisionada. Acredito que o vidro seja um passo para o amadurecimento de todos, para que um dia possamos retirar tudo e viver sem essas divisões — diz o arquiteto Alfredo Britto.
O empresário Ronaldo Fucci, ex-síndico de um prédio na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, que fez a substituição há três anos, defende o uso dos vidros:
— Usamos por dois motivos. Primeiro, porque é muito mais bonito. Outro motivo é a deterioração dos ferros da grade por conta da maresia.— contou o Fucci.
Mas a estética envidraçada tem suas desvantagens. A manutenção custa caro e a limpeza deve ser feita com frequência maior que a das grades. Os síndicos também vêm tendo dor de cabeça, pois muitas portarias deste material foram pichadas ao longo da orla.
— Picharam nosso vidro e a mancha não saiu com nenhum produto. Tivemos que trocá-lo por um novo. Além disso, no carnaval quebraram uma outra vidraça — contou Ronaldo, que fez seguro para os vidros de seu edifício.
E não é barato investir na nova estética: o preço do metro linear fica em torno de R$ 1.500, dependendo do vidro.

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