METRÔ


Moradores temem impacto de obra do metrô em Ipanema

Receio é que escavações na Praça Nossa Senhora da Paz afetem prédios e árvores de praça

A prefeitura vai retirar algumas árvores da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema

Pablo Jacob / O Globo

RIO - Mesmo já em fase de sondagem e prospecção, as obras da nova estação do metrô na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, continua causando polêmica. Alguns moradores temem que as escavações causem danos às edificações e às árvores da praça. Como não conseguiram impedir o projeto, que já obteve a licença de instalação, os moradores — que fizeram várias manifestações e conseguiram um abaixo-assinado com mais de 16 mil adesões — querem agora mudar os locais de acesso à estação, previstos para o calçadão no entorno da praça.


Ignez Barreto, coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema, disse que espera um diálogo com o governo do estado, para mostrar que as entradas podem ficar no calçadão da Rua Visconde de Pirajá, o que preservaria a praça e serviria de incremento para o comércio do bairro.

— Um obra de mais de R$ 7 bilhões, que vai mexer com a vida do bairro, não pode ser decidida apenas no gabinete — disse Ignez Barreto.

Em meio aos protestos contra o projeto, o governo não divulga a data do início das escavações. Informa apenas que as próximas etapas da obra ainda não têm data marcada e que, quando o trabalho interferir na rotina da Zona Sul, todos serão previamente informados.

Para jornalista, praça é a alma de Ipanema

A jornalista Sandra Louzada, moradora do bairro e uma das ativistas da luta contra o projeto, teme danos à Nossa Senhora da Paz, que, para ela, é alma de Ipanema, além de ser um bem tombado. Para os moradores, bastariam duas estações no bairro: a da Praça General Osório e a do Jardim de Alah.

— Se o túnel do metrô, como nos informaram, vai passar pela praça em sentido diagonal, não é preciso uma estação na área. Bastaria que fizessem passagens que levem as pessoas até a plataforma — argumentou Sandra.

Em mais um apelo, Sandra Louzada enviou um documento ao Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio, pedindo para que a retirada de árvores seja proibida.

— Nós não somos contra o progresso, mas achamos que é hora de crescer com cuidado, com preservação. Nós não somos contra o metrô. Somos usuários do metrô, mas achamos que as medidas de proteção ao meio ambiente, que estão na pauta do governo brasileiro, devem guiar os caminhos do metrô. Não sabemos que projeto o governo defende para a praça, ele não foi divulgado, mas se a passagem do tatuzão (equipamento que faz as escavações) abaixo da Rua Visconde de Pirajá não interromperia o trânsito sobre ela, conforme anúncio do governo, certamente a praça não precisaria ser fechada — acrescentou Sandra.

A licença de instalação da estação da Nossa Senhora da Paz de instalação foi apresentada no dia 25 de junho pelo secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e pela presidente do Instituto estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos. A licença foi aprovada com uma série de restrições, entre elas, a redução do número de árvores a serem transplantadas: de 113 para 17. O Conselho Diretor do Inea aprovou ainda a exigência de replantio de 400 árvores no bairro.

Estado diz que só árvores menores serão removidas

Sem divulgar o mapeamento das árvores que serão removidas, o governo do estado garantiu que apenas as árvores menores que ficam na parte central serão transplantadas. Ela serão retiradas e levadas para um horto até que as obras sejam concluídas. Depois, essa árvores serão replantadas na praça. As maiores, localizadas nas extremidades da praça, não serão retiradas.

Um comentário:

  1. Os moradores de Ipanema não são preconceituosos como os moradores do bairro nobre de Higienópolis, de São Paulo. Inclusive estamos propondo a estação no quarteirão seguinte, para poupar a Praça. Logo, não somos contra a vinda de pessoas de bairros distantes. Isto que disseram é uma calúnia e difamação. Somos apenas contra a destruição da Praça.

    Não existe necessidade de uma plataforma grande na N.Sra. da Paz. Isto talvez tenha sido necessário na Gal. Osório, pois a estação é embaixo do morro e abriram três saídas, inclusive para Copacabana. Na Gal. Osório existe apenas rocha bruta sobre a estação, e não uma grande Praça (que é quase um parque). E para que lojas no subsolo? Para adensar ainda mais o bairro? A área de Ipanema e Leblon foram consideradas oficialmente, pela própria Prefeitura, áreas que não devem crescer mais do que já estão, para não adensar as mesmas. E que espécie de Prefeito é este que um dia reclama que a cidade tem excesso de concreto e no dia seguinte é favorável à destruição da Praça?

    O metrô e a estação no bairro do Catete passa exatamente por baixo da Rua do Catete, e as escadas de saída e acesso para a rua ficam nas calçadas da Rua do Catete. Se os governantes insistirem na idéia de prolongar a linha do metrô em Ipanema, poderiam fazer a estação com as escadas de acesso nas calçadas da Visconde de Pirajá (entre as ruas Mª Quitéria e Garcia D'Ávila), que inclusive são mais largas e mais espaçosas que no Catete, e a própria Visconde é bem mais larga - logo, cabe os trilhos do trem, as plataformas de embarque, as bilheterias e escadas apenas na Visconde de Pirajá, sem necessidade de destruir a Praça N.Sra. da Paz. Qurem fechar e cortar centenas de árvores da Praça toda apenas para que ela se transforme num espaço para espalhar e estacionar máquinas, tratores, caminhões, material de obra. Porque não usam outro local para estacionamento e máquinas e estocagem de material? Quando as pessoas pensam, raciocinam, encontram uma solução alternativa. E o governo ainda alega que menos de 5% da Praça seria usada para o metrô - uma mentira!

    E porque o governo não divulga o projeto da estação na Praça? Por que está escondendo? Querem o metrô para as Olimpíadas, estão embromando, para depois dizer: "Agora necessitamos construir em caráter de urgência e não podemos mais debater o assunto - vamos construir na Praça mesmo".

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