PEGA LADRÃO !




Manifesto pelo julgamento do mensalão tem fraca adesão no Rio
Cela montada em frente ao mar de Ipanema "contra a roubalheira" no Congresso

Foto: André Naddeo/Terra

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Direto do Rio de Janeiro

Com faixas de "pega ladrão" e "chega de roubalheira", o mutirão nacional que defende a necessidade de o julgamento do Mensalão, ainda sem data marcada no Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrer em curto prazo teve fraca adesão na praia de Ipanema, na manhã deste domingo. Os manifestantes recolhem assinaturas para um abaixo-assinado a ser enviado a Brasília.

Muitas das pessoas que passavam pela pista da avenida Vieira Souto, fechada aos domingos para lazer, nem entendiam do que se tratava o manifesto, organizado ainda em outras 11 cidades no país. Nem uma cela com grades pretas, bem em frente ao mar da zona sul do Rio, chamou a atenção dos banhistas, que preferiram aproveitar o dia de sol na capital fluminense.

"As pessoas se mobilizam pelas redes sociais, mas não vão para a rua. Elas acham que colocar uma frase no Facebook, ou tuitar alguma coisa, já resolve o problema. Não é bem assim", opinou Marcelo Medeiros, um dos fundadores do Movimento 31 de julho, que já organizou diversas manifestações pelo Rio contra a corrupção.

De acordo com o movimento, apesar da fraca participação popular, já foram recolhidas em todo o Brasil cerca de 28 mil assinaturas para que o escândalo de corrupção ocorrido no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tenha os seus culpados julgados e condenados. "É um processo que já está digitalizado há quatro anos, não dá para entender essa demora. Nossa democracia está correndo sério risco", completou Medeiros.

O aposentado Delton Braga saiu de casa ao ouvir o carro de som e fez questão de deixar sua assinatura. "Temos que lutar contra a corrupção. A impunidade é algo que vem se arrastando há muito tempo, temos que abrir nossos olhos", afirmou. Mesma opinião tem a administradora de imóveis Regina Saldanha. "A única forma de conseguirmos as coisas é via movimento popular. Movimentos como esse são muito importantes, as pessoas precisam ter mais consciência política", argumentou.

O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.



Um comentário:

  1. acho que as manifestações ficaram todas iguais...virou corriqueiro para o carioca, assim como o delito.

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