METRÔ


Moradores de Ipanema e Leblon propõem ações para reduzir reflexos das obras do metrô

Uma das sugestões são micro-ônibus nos quatro anos em que durarem as intervenções

Rafaella Javoski
Rogério Daflon

Avenida Ataufo de Paiva, entre as rua Venâncio Flores e General Urquiza, no Leblon: um dos trechos que serão impactados

Paulo Nicolella / Agência O Globo

RIO - Já prevendo os transtornos no dia a dia com as obras da Linha 4 do metrô, associações de moradores do Leblon e de Ipanema levarão sugestões ao poder público, na tentativa de minimizar os problemas no trânsito. A Associação de Moradores do Alto Leblon, por exemplo, que experimentou, em 2006, um micro-ônibus para circular pelo bairro com o intuito de reduzir congestionamentos, sugere agora que a solução retorne às ruas durante os quatros anos das intervenções do metrô. Somente no Leblon, os moradores vão conviver com nove canteiros de obras.

— Será um inferno. Vamos propor que micro-ônibus circulem pelo bairro. Isso induzirá os moradores a deixar os veículos em casa. O metrô poderia patrocinar os micro-ônibus — sugere Evelyn Rosenzweig, presidente da entidade. — É importante ainda regulamentar o uso de bicicletas, que não deveriam mais andar nas calçadas, como é hoje, principalmente as elétricas.

Presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia Loureiro ressalta que o fechamento da estação da General Osório, durante oito meses em 2013, vai prejudicar mais do que as interdições de ruas no Leblon. Mas ela afirma que não está minimizando o problema:

— É óbvio que as interdições no Leblon vão causar impacto em Ipanema. Para mim, seria o caso de a prefeitura autorizar linhas de vans, bem coordenadas com as de ônibus, para melhorar a qualidade de vida dos moradores nos dois bairros.

Evelyn acrescenta que o comércio do Leblon também sofrerá impacto nos dois trechos interditados da Avenida Ataulfo de Paiva (entre a Rua General Venâncio Flores e a Avenida Bartolomeu Mitre; e entre as avenidas Afrânio de Melo Franco e Borges de Medeiros). Apenas ali, segundo ela, há pelo menos cem lojas, dois shoppings e dezenas de escritórios.

 O comércio sofrerá um baque.

Comércio teme prejuízos

Professor da Fundação Getúlio Vargas e morador de Ipanema, o empresário Daniel Plá acredita que o Leblon passará por uma transição complicada:

— No comércio, quem tiver visão e capacidade financeira de ultrapassar esse período certamente será beneficiado. Mas, após a obra, o comércio ficará mais fortalecido. O bairro, por sua vez, ficará menos isolado e integrado à cidade. É injusto deixar engessada essa parte da cidade tão valiosa.

Gerente de um restaurante na Ataulfo de Paiva, no trecho a ser interditado (entre as avenidas Afrânio de Melo Franco e Borges de Medeiros), Rildo Ferreira vislumbra tempos complicados:

— A interdição dificultará o trânsito de pedestres. Os clientes podem procurar outros lugares. Para mim, que trabalho com alimentação, é ruim, pois os produtos ficam expostos à poeira.

No mesmo trecho, o jornaleiro João Carlos Selimarco teme queda no movimento, mas entende:
— É um mal necessário. É a história de se quebrar o ovo para se fazer uma omelete.

Em relação ao impacto sobre o comércio nas áreas interditadas, o estado informou ontem, por sua assessoria de imprensa, que as calçadas ficarão livres aos pedestres. E apenas uma garagem, com 11 vagas, será interditada.


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