POLUIÇÃO !


Exame comprova contaminação da água de chuveirinhos de praias da Zona Sul

Nenhuma das amostras, coletadas no último dia 3, indicou a presença de cloro — isso deixa claro que a água não é tratada

CIBELLE BRITTO

Chuveiro na Praia de Ipanema, próximo à Rua Joana Angélica

FELIPE HANOWER / O GLOBO

RIO - Verão no Rio, com termômetros da orla marcando quase 40 graus. Numa cena tipicamente carioca, banhistas fazem fila diante dos muitos chuveirinhos instalados por barraqueiros. Porém, tirar o sal ou o excesso de areia do corpo pode representar graves riscos à saúde. O GLOBO-Zona Sul contratou um laboratório de análises químicas para checar a qualidade da água que sai de dez duchas improvisadas nas praias de Ipanema, Leblon, Arpoador, Copacabana, Leme e Flamengo. O resultado não poderia ser pior: todas as amostras apresentaram indícios de contaminação por esgoto.
Nenhuma das amostras, coletadas no último dia 3, indicou a presença de cloro — isso deixa claro que a água não é tratada; ou seja, não sai de reservatórios da Cedae. Segundo a microbiologista responsável pelas análises, Fernanda Drumond de Paula, do laboratório Baktron Microbiologia, nenhum dos pontos checados se adapta aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Entre as análises com maior índice de contaminação está um chuveirinho do Baixo Bebê, na Praia do Leblon.
— A presença, em sete pontos de coleta, de coliformes termotolerantes, que se desenvolvem em fezes humanas, indica a possibilidade de contágio por vírus, como o da hepatite A, rotavírus e salmonela, que pode provocar diarreia, gastroenterite e febre tifóide — explica Fernanda.
Nas amostras do Arpoador, o exame apontou problemas nos cinco itens analisados: presença de bactérias heterotróficas (tipos encontrados na água), coliformes totais (que se desenvolvem no ambiente), coliformes termotolerantes (em fezes humanas) e Escherichia coli (bactérias que podem causar doenças urinárias e respiratórias), além de ausência de cloro. A gerente de avaliação de qualidade da água do Inea, Fátima Soares, diz que não é atribuição do órgão fiscalizar os chuveiros. Ela diz que a última análise, em 2009, mostrou resultados satisfatórios. O Comitê Orla Rio, que reúne órgãos da prefeitura relacionados a questões ligadas às praias, alega que os chuveiros usam água de lençóis freáticos, de responsabilidade do estado.


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