DOMINGO DE CARNAVAL


Simpatia É Quase Amor arrasta multidão em Ipanema

Bloco, que foi criado há 28 anos, é um dos mais tradicionais do Rio

MARCO GRILLO
LEANDRA LIMA

Foliões saem fantasiados em grupo no Simpatia É Quase Amor

JORGE WILLIAM/ AGÊNCIA O GLOBO

RIO - O Simpatia É Quase Amor iniciou seu desfile às 16h30min deste domingo, como era previsto, na Praça General Osório, em Ipanema, e arrasta cerca de 150 mil pessoas para a Rua Aníbal de Mendonça, onde encerrará a apresentação. O fundador Ary Miranda promete, no fim do desfile, promover um baile de carnaval, com marchinhas e sambas antigos. Uma das características do Simpatia é entoar sempre seu tradicional samba.

— O carnaval de rua do Rio se revitalizou e o Simpatia, que há 28 anos sai em Ipanema, deu uma contribuição importante para este crescimento, ajudou o carnaval de rua a ter a dimensão que tem hoje — disse Ary na tarde deste domingo.
A bateria do bloco, comandada por Mestre Penha, conta com cem ritmistas, entre eles, 60 percursionistas, 30 pessoas nos tamborins e dez tocando cuícas. A banda tem quatro no violão, quatro no cavaquinho e seis cantores.
No meio da folia, a empresária Andrea Marini, de Pelotas, no Rio Grande Sul e que passa seu segundo carnaval no Rio, elogiou a diversidade dos blocos:
— O legal é que não existe idade pra brincar nos blocos: tem velho, novo, recém-nascido. É por isso que todo mundo gosta do carnaval, essa festa tão brasileira. E é bacana ver os pais já inserindo os filhos nesta cultura.

Que Merda é Essa arrastou 7 mil foliões

Às 15h, o bloco "Que Merda é Essa" saiu da Rua Garcia Dávila, em Ipanema, e seguiu pela Vieira Souto até o Jardim de Alah. Vestidas de policiais, as amigas paulistas Juliana Espíndola, Tatiana Sayegh, Karina Sayegh, Ana Maria Fischer e Daniela Nishyama, que curtem o carnaval do Rio pela quarta vez, perderam as contas do número de gracinhas que escutaram.
— Se a gente ganhasse um real por cada "me prende" que a gente escutou, dava pra ficar rica — brincou Juliana, que estava indo com o grupo em direção ao Simpatia é Quase Amor.
O Que Merda é Essa arrastou sete mil foliões para a orla de Ipanema, segundo estimativa dos organizadores. O músico Jefferson Moreira, que tocou cavaquinho pela primeira vez no bloco, revelou a emoção de fazer música para um número tão grande de pessoas.
— A sensação é ótima é de um sonho realizado — descreveu Moreira.
Segundo o jornalista Rodrigo Gonçalves, um dos compositores do samba, a recepção do público superou as expectativas.
— Viemos com um samba maior esse ano, então tínhamos uma dúvida sobre a reação do público. Mas foi ótimo — afirmou.
O enredo do bloco, "O fim do mundo começa por Brasília", brincava com a ideia de que o mundo vai acabar em 2012, além de fazer uma crítica à corrupção brasileira. Se depender da beleza do quarteto Paula Varejão, Paula Aguiar, Laiza Veiga e Ana Elisa Lousa, o mundo não vai acabar nunca.
— É muito mais divertido curtir o carnaval fantasiada, por isso viemos de melindrosas. E tem tudo a ver com a moda atual, que é voltada para o retrô — explicou Paula.
Homenagem a Elza Soares no Leblon

Mais cedo, a Acadêmicos do Vidigal tomou conta da praia do Leblon. O bloco prestou uma homenagem à cantora Elza Soares. À frente da bateria, estava a atriz Mirian Duarte, cria da comunidade e do grupo Nós do Morro.
— É minha primeira vez como rainha de bateria e estou adorando. Ainda mais com essa homenagem para a Elza Soares, de quem sou fã — destacou Mirian.
Quem também marcou presença na festa foi o diretor Guti Fraga, fundador do Nós do Morro. Ele se declarou um entusiasta do carnaval de rua.
— Os blocos estão entre as maiores expressões culturais do mundo. Representam a expansão dos sentimentos, é só alegria. E o Vidigal é um coração pulsante — exclamou Fraga.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, José Luiz e Tânia Maria, foram por mais de 15 anos os titulares do posto na Acadêmicos da Rocinha, escola que já frequentou o Grupo Especial e desfilou ontem no Grupo de Acesso.
— Na Avenida, a gente fica preocupado com os jurados. No carnaval de rua, é só descontração. Comecei como porta-bandeira aqui no bloco, então estou voltando às minha origens — explicou Tânia, que mora no Vidigal com a família.
A aposentada Antônia Rosa, de 78 anos, chegou com um ano à comunidade e nunca mais saiu. Uma das fundadoras do bloco, ela resumiu a experiência de um desfile do Acadêmicos do Vidigal.
— Saio desde que o bloco começou, há mais de 30 anos. Nunca vi uma briga aqui. A união das pessoas é a grande característica — afirmou.
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