BANDA DE IPANEMA

Banda de Ipanema fecha Carnaval de multidões e muito lixo

Giuliander


Direto do Rio
Com estação do metrô a duas quadras do mar, praia e blocos de rua desfilando todos os dias, a orla de Ipanema acabou sendo um dos palcos principais e mais movimentados da Zona Sul durante o Carnaval do Rio de Janeiro. No seu 47º ano de existência, a tradicional Banda de Ipanema arrastou uma multidão pela Avenida Vieira Souto, apesar da chuva fina que caiu, fechando a programação da folia da região de forma refrescante após quatro dias de sol forte.

A diversidade, como sempre, é o ponto alto da banda. Mas, mais uma vez, o lado menos nobre da passagem dos blocos pela orla de Ipanema foi o excesso de lixo e o cheiro forte de urina deixado pelas ruas de um dos pontos turísticos mais badalados do Rio. "É triste ver uma praia tão bonita cheirando mal durante o Carnaval. O povo não tem educação, joga lixo na rua, faz xixi em qualquer lugar, uma pena", afirma Maria Soares, moradora da Rua Vinícius de Moraes, que amanheceu todos os dias com muito lixo jogado nas sarjetas. "O clima dos blocos ali de Ipanema é diferente. Está todo mundo bêbado, querendo pegação e o cheiro fica muito ruim a partir de certo momento. Eu prefiro os do centro", diz Gabriel Barreira, que desfilou fantasiado de cartomante todos os dias.

Até os garis reclamam. "Essa região aqui (Ipanema) é muito difícil. O pessoal acha que pode jogar lixo em qualquer canteiro, falta conscientização, diz uma das responsáveis pela limpeza das ruas - que não quis se identificar - após a passagem dos blocos.

Nos quatro dias de Carnaval, blocos como a Banda de Ipanema - que desfilou duas vezes, o Simpatia É Quase Amor e o Afrorregae levaram mais de 800 mil pessoas à Vieira Souto e arredores. Quando os desfiles terminavam, já era possível ver o rastro de sujeira, por mais que a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) tenha mais de 200 garis nas ruas todo dia apenas para cuidar dos blocos e efetivamente acabou recolhendo menos lixo do que no ano passado.

Mas só no eixo Ipanema-Leblon foram 61 t durante os últimos três finais de semana, quantidade expressiva e maior do que as demais regiões da cidade. No Centro, a Comlurb recolheu 49 t de dejetos - 35 t foram apenas no sábado, durante a passagem do Cordão do Bola Preta -, outras 49 t acabaram sendo juntadas em Copacabana e 29 t nos bairros de Botafogo, Laranjeiras, Catete e Glória. Foram juntadas de três a 4 t de lixo em cada um dos três principais blocos de Ipanema.

O lixo não é o único problema. A ousadia dos mijões também causa transtornos e deixa o ar insuportável, principalmente nas ruas de acesso aos "palcos" dos blocos. Segundo a Secretaria Especial de Ordem Pública (SEOP), o número de detenções este ano foi recorde, apesar das campanhas de conscientização e de mais de 15 mil banheiros químicos distribuídos por toda a cidade. Até o meio da tarde desta terça-feira - portanto, sem computar os números da Banda de Ipanema, o último grande bloco a desfilar -, 867 mijões haviam sido presos na folia (contra 777 em 2011).

O Carnaval de Ipanema acabou, mas ainda haverá blocos nas ruas no próximo final de semana. No sábado, desfila o bloco Bafafá pela orla. Conjunto Habitacional Barangal e Galinha do Meio-dia fecham a folia no domingo. Mais blocos, mais gente e, com certeza, mais lixo.

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