CARNAVAL 2012


Blocos de carnaval saem da Zona Sul e vão para o Centro

Aterro do Flamengo e Praça Tiradentes serão os novos points da folia este ano







Bloco Cru planeja se apresentar em palco maior neste carnaval na Praça XV

SIMONE MARINHO / O GLOBO

RIO - Em busca de mais conforto e segurança, blocos de rua da Zona Sul começam a migrar para o centro da cidade. O maior deles, o Bloco da Preta, que atraiu 200 mil pessoas no ano passado, vai desfilar na Avenida Rio Branco, onde já saem o tradicional Cordão da Bola Preta e o Monobloco. A Praça XV será palco da apresentação do Bloco Cru, além do tradicional baile do Boitatá. E o Aterro do Flamengo, que já abrigava a Orquestra Voadora, receberá o Sargento Pimenta. O Bangalafumenga também deve ir para o Aterro, que poderá se transformar em mais um point do carnaval.

A Riotur ainda está fechando a programação completa do carnaval de rua que será divulgada esta semana no Diário Oficial. Outro espaço que será inaugurado pela folia é a Praça Tiradentes, agora sem grades e mais propícia à ocupação dos foliões. Lá, vai estrear o bloco Toca Rauuul, que só toca canções do Raul Seixas em ritmo de frevo, samba e maracatu.
Mesmo sem saber ao certo se vai desfilar no Aterro, Rodrigo Maranhão, do Bangalafumenga, apoia a corrente migratória, apesar de vários fãs do bloco pedirem para não sair do Jardim Botânico.

- O Rio será todo nosso. Faz parte do carnaval de rua ocupar todos os espaços da cidade. É mais do que natural essa migração para o Centro, tradicional espaço do carnaval de rua. E o principal é pensar na segurança. A gente nunca vai se perdoar se acontecer algum acidente no desfile - diz.
Além de mais conforto e segurança, o Sargento Pimenta se mudou para o Aterro em busca de mais espaço para interagir com o público, por meio de brincadeiras e efeitos visuais no dia do desfile. O grupo, porém, não adianta o que vai acontecer, para não estragar a surpresa.
- Pensamos em uma série de ações e vamos usar as mídias sociais para pedir a contribuição do público e fazer um desfile muito interativo. Para isso, precisávamos de mais espaço - conta Gustavo Gitelman, um dos fundadores do bloco

Logo em sua estreia no ano passado, o Sargento Pimenta se tornou uma das sensações do carnaval com as músicas dos Beatles. O bloco atraiu mais gente do que o esperado e ajudou a parar o trânsito de Botafogo.

- Queremos evitar os problemas do ano passado e não incomodar os moradores. Tinha gente que não conseguiu chegar perto da banda, além disso faltou banheiros e até cerveja - lembra Gustavo.

O mesmo aconteceu com o Bloco Cru que se apresentou no mesmo bairro. A mistura de rock and roll com batucada deu tanto certo que fez o público dobrar de 6 mil para 12 mil pessoas no terceiro ano do bloco em 2011.

- Quando a gente criou o bloco, não tínhamos noção de que cresceríamos tão rápido. Na Praça XV, vamos ter um palco maior e melhor. O cenário é maravilhoso. Tem os prédios históricos e o mar. Além disso, é local para piratas como a gente! - comemora Lu Baratz, a fundadora do bloco que tem como símbolo a caveira dos piratas.

A cantora Preta Gil planeja levar o mar (de gente) de Ipanema para o Centro.
- Ano passado foi o melhor carnaval. Se a gente conseguiu aquela alegria toda em Ipanema, este ano promete ser melhor ainda. O Centro faz parte da história do carnaval do Rio. Tem uma energia muito forte - anima-se.

Os organizadores do Toca Rauuul já alugaram até uma loja na Praça Tiradentes para servir de apoio para a apresentação do bloco.

- Nem pensamos em desfilar na Zona Sul, que já está saturada. Com a retirada das grades, a Praça Tiradentes se tornou um ótimo local para ocuparmos no carnaval - aposta Ricardo Dias, um dos idealizadores do bloco.

Ano passado, o secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello, anunciou que ia remanejar os blocos para desafogar a Zona Sul. E o Centro se mostrou como o caminho natural. Ele prometera, no entanto, não mexer no local dos desfiles dos blocos tradicionais, como Banda de Ipanema, Simpatia É Quase Amor, Suvaco do Cristo. O secretário chegou a anunciar a proibição de novos blocos, mas depois voltou atrás para não ter que reprimir a criatividade carioca.


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