METRÔ

Obras da Linha 4 vão bloquear garagens de prédios do Leblon

Moradores de trechos da Avenida Ataulfo de Paiva terão que estacionar em edifícios-garagem

Waleska Borges

Carla Rocha



RIO - Se, como disse o prefeito Eduardo Paes, referindo-se aos transtornos causados pelas obras viárias na Zona Portuária, "não dá para fazer omelete sem quebrar ovos", os moradores do Leblon e de Ipanema podem se preparar para uma alta nas taxas de colesterol. Já em fevereiro começam as obras para ligar o metrô da Zona Sul à Barra da Tijuca. As principais interdições acontecerão na Avenida Ataulfo de Paiva, que terá dois trechos (da General Urquiza à Bartolomeu Mitre e entre a Borges de Medeiros e a Afrânio de Melo Franco) parcial ou totalmente fechados. Nesses locais, nem mesmo as garagens dos prédios poderão ser usadas. Para tentar diminuir os transtornos, o governo estadual informou que moradores prejudicados "terão acesso a serviço gratuito de manobrista e guarda de veículos". A CET-Rio informou que rotas alternativas para os trechos fechados ainda serão estudadas.


No Leblon, entre fevereiro e outubro de 2012, apenas o trânsito do BRS (faixas exclusivas para ônibus) na Ataulfo de Paiva não será interrompido. Já entre novembro de 2012 e julho 2013, todos os veículos usarão outros trajetos, inclusive os ônibus do BRS. O tráfego na via só será normalizado em agosto de 2013, quando os moradores poderão voltar a usar suas garagens.

As alternativas a serem estudadas incluem desviar o trânsito da Ataulfo de Paiva para a Delfim Moreira e a Humberto de Campos, inclusive no trecho da Cruzada São Sebastião. Outra opção a ser analisada é a construção de uma ponte metálica provisória sobre o canal do Jardim de Alah, para a travessia dos veículos que saírem da Humberto de Campos.

A previsão é que as obras fiquem prontas em dezembro de 2015. Serão construídas quatro estações e um túnel subterrâneo da Gávea à Praça General Osório, em Ipanema.

— Não há no mundo inteiro como fazer uma obra dessa magnitude sem que haja algum transtorno para a população, mas os benefícios serão muitos — disse o secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichtner.

Obras fecharão duas estações do metrô

Uma mudança que já está certa é a inversão de mão, de fevereiro de 2012 a dezembro de 2015, das ruas Aperana e Gabriel Mufarrej, no Alto Leblon, para a construção de saída de ventilação e de emergência do metrô.

Em Ipanema, a Praça Nossa Senhora da Paz ficará fechada por 13 meses (de fevereiro próximo a fevereiro de 2013). Nesse trecho não haverá alteração no trânsito, e o estacionamento em volta da praça continuará permitido. Duas estações de metrô — General Osório e Cantagalo — serão fechadas de dezembro de 2012 a julho de 2013. Nesse período, a Siqueira Campos voltará a ser a estação terminal da Linha 1.

A estação da Gávea ficará sob o terreno do estado onde funciona o estacionamento e o prédio de incubadora de empresas da PUC. O acesso ao estacionamento da universidade será mantido, com 280 vagas remanejadas para uma área próxima. Já a incubadora funcionará numa outra área no mesmo terreno. De acordo com o estado, os pontos de ônibus da Avenida Padre Leonel Franca serão reordenados. Essas alterações acontecerão entre fevereiro e novembro de 2012.

Segundo Fichtner, a expectativa é que a licença ambiental das obras seja concedida até fevereiro:

— As interdições ficarão a cargo da CET-Rio. Não sabemos se elas vão ocorrer antes ou depois do carnaval.

Ainda de acordo com Fichtner, a linha Zona Sul-Barra do metrô vai transportar cerca de 300 mil pessoas por dia, além de retirar das ruas quase dois mil carros por hora nos horários de pico. As escavações das quatro novas estações (Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental e Gávea) vão ocorrer ao mesmo tempo para passagem do Shield, conhecido como tatuzão, a cerca de 12 metros de profundidade, que vai perfurar os túneis de forma silenciosa e sem a necessidade de abrir valas nas ruas.

Para Evelyn Rosenzweig, presidente da Associação de Moradores do Leblon, as obras vão causar transtornos aos moradores. No entanto, ela aprova a ampliação do sistema.

— Será um tremendo desconforto para o morador. O comércio será o principalmente prejudicado. Mas outras partes da cidade já passaram pela mesma situação e agora será a nossa vez. Pensar na garagem para os moradores foi um ato simpático.

O presidente da Associação de Proprietários de Prédios do Leblon, Augusto Boisson, disse que as obras são necessárias, mas pediu às autoridades que minimizem os transtornos. A presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia Loureiro, também aprovou as intervenções:

— São obras da cidade, não do bairro. Então acho que a gente vai ter que aturar algum transtorno.

O engenheiro de trânsito Fernando Mac Dowell disse que, numa obra como a do metrô, é fundamental haver uma série de estudos sobre o fluxo de veículos da área atingida, o impacto no tempo de viagem e até uma análise das consequências financeiras para a população afetada.

— A CET-Rio vai analisar todos os aspectos e optar pela melhor alternativa, em comum acordo com o governo do estado — afirmou.
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