METRÔ






Cidade
Impasse sobre trajeto pode atrasar obras do metrô

MP pede paralisação de obras baseado em documento feito por associações de moradores


por Ernesto Neves 01 de Novembro de 2011

Traçado polêmico: obras do metrô podem ser paralisadas

A expansão do metrô rumo ao bairro da Barra da Tijuca pode ser paralisada ainda esta semana. O Ministério Público do estado vai entrar com uma ação civil pública para interromper as escavações, feitas de Ipanema rumo ao bairro da Zona Oeste. A ação tem como base um relatório do movimento "O Metrô que o Rio precisa", assinado por 16 associações de moradores e o engenheiro Fernando Mac Dowell, que trabalhou na construção da Linha 1, nos anos 70.

O impasse pode atrasar a inauguração da Linha, prometida como solução para aliviar o trânsito caótico entre a Zona Sul e a Oeste. Segundo as associações dos bairros que estão no trajeto, a melhor opção seria manter o traçado original. Nele, a conexão entre a nova linha e a já existente seria feita por uma estação na Gávea. Construída em dois níveis, ela seria a melhor solução para absorver fluxo intenso de pessoas. Dali, as composições seguiriam pelo Jardim Botânico e Humaitá até o Centro, numa linha independente ao atual sistema. As associações argumentam que tal traçado não comprometeria ainda mais a capacidade da Linha 1, que opera sobrecarregada. Em junho, a VEJA Rio mostrou o caos instalado nos transportes sobre trilhos, que incluem interrupções no tráfego constantes e vagões superlotados.

O governo do estado defende o trajeto que está em construção. Nele, a Linha 4 se cruza com a 1 na estação General Osório, em Ipanema. De lá, o metrô segue nos bairros da orla, passando por Leblon e São Conrado antes de chegar à Barra. E os passageiros que vierem da Zona Oeste seguirão para a região central pelo traçado já existente. De acordo com a secretaria estadual de transportes, a mudança beneficia 240 mil pessoas a mais do que a outra opção.

As metrópoles que mais investiram no transporte subterrâneo seguem na direção oposta ao Rio. Em Paris, Nova York e Moscou, as linhas foram construídas em verdadeiras redes, que se conectam em algumas estações (Veja o infográfico abaixo). Para cruzar essas cidades, o usuário passa por várias linhas, o que economiza tempo e não sobrecarrega o sistema. Na versão carioca, quem quiser ir da Pavuna para a Barra precisará seguir por um eixo único, parando em todas as estações da Linha 1 até chegar ao destino final.

Outro problema criado pelo trajeto imposto pelo governo estadual será a interdição da estação General Osório. Como não foi construída para ser uma estação de transferência, ela precisará ser fechada para as obras de ampliação. "O metrô, por sua complexidade e custos elevados, não admite erros", disse o engenheiro Fernando Mac Dowell em entrevista dada à VEJA Rio em agosto. Fernando também criticou o início das obras antes que se saiba que local da Gávea abrigará a estação. Para piorar a situação, o cronograma está apertado. A previsão inicial é de que todo o sistema estaria pronto em dezembro de 2015. Mas o secretário estadual de transportes, Júlio Lopes, admitiu que dificilmente a estação Gávea ficará pronta na data prevista.

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