FLANELINHAS










.Loteamento de vagas

Na Zona Sul, flanelinhas agem à vontade em ruas de Ipanema e do Leblon e fazem até dobradinha


Taís Mendes (tais@oglobo.com.br)


RIO - Não é apenas no Centro que os flanelinhas fazem a festa, como mostrou O GLOBO na segunda-feira . Em bairros da Zona Sul que esperam uma Unidade de Ordem Pública (UOP) até o Natal, como Leblon e Ipanema, repórteres flagraram na segunda-feira flanelinhas totalmente à vontade. Eles atuam, principalmente, em vias internas, onde não há operadores da Embrapark. Mas há casos em que flanelinhas e guardadores oficiais convivem lado a lado, cada um tomando conta de um trecho da rua.


Em Ipanema, um flanelinha chegou a oferecer ao motorista da equipe de reportagem - que estava em carro sem logomarca - uma vaga em cima da faixa de pedestres, na esquina da Avenida Henrique Dumont com a Rua Barão da Torre. No outro quarteirão da via, o estacionamento era organizado por um operador da Embrapark.

- Da faixa branca para cá é comigo - disse o homem, sem saber que falava com repórteres, ao ser questionado se o carro não seria rebocado caso estacionasse em lugar impróprio.

.Pela vaga na esquina sobre a faixa de pedestres ele cobrou R$ 4. Nas áreas liberadas para estacionamento, o talão do Rio Rotativo custa R$ 2.

- Se quiser que lave o carro, é R$ 10 - ofereceu-se o flanelinha.

O operador do Rio Rotativo que trabalhava no quarteirão entre as ruas Barão da Torre e Visconde de Pirajá chegou a trocar dinheiro para o flanelinha. Segundo a funcionária de uma lanchonete na Rua Aristides Espínola, no Leblon, a bandalha é mais comum quando falta o operador da Embrapark. Na segunda-feira, um flanelinha - que inclusive reservava uma das vagas com uma cadeira - agia livremente, cobrando R$ 2 dos motoristas.


- Duas senhoras operam o Rio Rotativo aqui na rua, mas hoje elas não vieram - explicou a funcionária, que pediu para não ser identificada.

Na Rua Aristides Espínola, onde mora o governador Sérgio Cabral, moradores contam que os flanelinhas chegam a danificar os carros de motoristas que se recusam a pagar pela vaga.

- Estacionei meu carro no domingo passado e perguntei pelo talão. Ele disse que trabalhava por conta própria. Acabei pagando porque, senão, eles arrancam o retrovisor e arranham o carro - disse outra moradora que, por medo de represália, pediu para não ser identificada.

Na Rua Nascimento Silva, em Ipanema, um flanelinha, ao ser perguntado se tinha o talão de estacionamento, fez de longe sinal negativo. Ao longo da via, poucos carros tinham o talão do Rio Rotativo, de uso obrigatório, no painel.

- Depois das 19h, quando a gente vai embora, eles tomam conta de todas as ruas - contou uma operadora da Rua Rainha Guilhermina, no Leblon.

.No Centro, nos fins de semana, as principais avenidas transformam-se em zonas de extorsão, conforme revelou O GLOBO na segunda-feira, após fazer rondas nos últimos três sábados. Eles tomam conta das vagas e exigem pagamento antecipado, cobrando de R$ 5 a R$ 20. Após os flagrantes, o secretário especial da Ordem Pública (Seop), Alex Costa, admitiu conhecer o problema e afirmou que os flanelinhas expulsam os operadores do Rio Rotativo das ruas nas manhãs de sábado. Na segunda-feira, o secretário não foi localizado para comentar a bandalha de flanelinhas da Zona Sul. A assessoria de imprensa da secretaria lembrou que os flanelinhas cometem crime de extorsão e devem ser denunciados à polícia.

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