ANÍBAL DE MENDONÇA







A Rua Aníbal de Mendonça explica um pouco o porquê de Ipanema ser um dos bairros mais cobiçados do Rio


Ruas com jeito de alameda faz do bairro um dos mais procurados por cariocas e turistas


Pegue um mapa do Rio e um lápis. Sinalize, agora, com a ponta dele, o local dos seus sonhos aqui no município, aquele que faz o seu coração bater mais forte, que integra todo tipo de entretenimento adorável. Provavelmente o seu lápis deslizará para a faixinha de terra entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o oceano Atlântico. Gosta de praia? Vai, posiciona esse lápis melhor, até que ele fique mais próximo ao Posto 10. Sugestão? Pule a Garcia D’Ávila e meta-se logo à Rua Aníbal de Mendonça, o core de Ipanema, onde está o melhor do seu burburinho. Sem mais puxa-saquismos, pretendo apenas ratificar o charme e a bossa desse lugar, que é o sonho de consumo de muitos cariocas e turistas, sem dúvida.

De antemão, já temos um símbolo magnífico na Rua Aníbal de Mendonça, que é a sua esquina com a Vieira Souto, a mais invejada das avenidas. O valor estratosférico do metro quadrado é justificado, claro, pela presença do marzão que a margeia. A relação da praia com a nossa rua em questão é que ela se inicia exatamente no melhor trecho da Vieira Souto, ou melhor, na melhor parte da praia de Ipanema. Pelo menos em minha opinião o Posto 10 é imbatível, longe de quaisquer tipos de bagunça. Percepção e preferência minha, há quem possa discordar.


Além disso, para gostar da Rua Aníbal de Mendonça você tem que simpatizar-se, acima de tudo, com as coisas sofisticadas – entre elas, muito comércio no estilo frufru. Delicatessens e lanchonetes, dessas tituladas de comidinhas rápidas, funcionam no modelo “bunda de fora”. Uma maneira inteligente de comportar um empreendimento por um custo mais razoável em um mercado sedento por novidades. Aliás, o nicho comercial da Aníbal é um prato cheio para empresários que apostam no foco em diferenciação. O público é variado e disposto a pagar mais por produtos triviais entre outros de melhor qualidade, como pizzas artesanais e roupas de grife. Assim, o cara pão-duro deve passar longe de lá, pois uma garrafa de água consegue custar o dobro (ou o triplo) do que na Uruguaiana ou até mesmo no vizinho bairro de Copacabana.

Um dos detalhes mais adoráveis da Aníbal de Mendonça são os jardins suspensos. Em todas as quadras, desde a Vieira Souto até a Epitácio Pessoa, o tronco das árvores foram cuidadosamente enfeitados com pequenos vasos de flores, na altura perfeita para livrá-los do vandalismo típico de alguns cidadãos. Aliás, são essas flores que dão o toque todo especial a rua, que não conta com muitos jardins por suas calçadas. Pelo menos não tão bem cuidados quanto os do Leblon, em grande parte mantidos por lojistas da Ataulfo de Paiva. A verdade é que o colorido das flores é um diferencial e por mais que nos deparemos com situações pouco agradáveis pelo caminho (leia-se cocô de cães), a presença das ditas cujas é suficiente para injetar, de forma imaginária, um perfume de jasmim nessas agruras urbanas.

A sofisticação da Rua Aníbal de Mendonça tem mais a ver com o comportamento de quem circula por lá, pelo comércio instalado e pela pouca quantidade de sujeira tão peculiar às ruas do Rio do que pela sua arquitetura. Os prédios de Ipanema não chegam aos pés dos de Copacabana, bairro-símbolo da arquitetura glamurizada, típica dos anos 40 e 50. Ipanema, apesar de sua condição de bairro favorito hoje, verticalizou-se em um momento de mediocridade arquitetônica. Os novatos são moldados no perfil de edifícios da Barra da Tijuca, com varandas espelhadas. É o hit dos lançamentos imobiliários e o carioca valoriza esse modelo. Eu não. Aqueles levantados na década de 70 fazem o estilo insosso, não têm nada muito chamativo; são apenas blocos de concreto com janelas. Por sua vez, algumas joias podem ser encontradas lá pelas ruas Redentor e Nascimento Silva, assim como a presença de poucas e graciosas casas convertidas em butiques.

Voltando ao tópico “comércio”, é preciso reconhecer que as lojas de nível mais alto são um chamariz de pessoas elegantes e, como efeito, muito bonitas. A elegância dos que circulam por Ipanema é diferente, por exemplo, das também elegantes senhoras que circulam pela Oscar Freire, em São Paulo. É um elegante informal, suave, que cai bem com o perfil do bairro, mas que não combina, por exemplo, com o climão do Centro do Rio. Ou seja, como prega a mídia, Ipanema dita moda e uma é inerente a outra.

Bom, conclui-se que não é à toa que todos querem Ipanema. Diante do panorama meio decadente e largado dos outros bairros da cidade, uma imersão pela Rua Aníbal de Mendonça é colírio para os olhos.


O charme dos jardins suspensos e as lanchonetes em estilo “bunda de fora”.

O cruzamento da Aníbal de Mendonça com a Rua Prudente de Moraes e a esquina com a Visconde de Pirajá, onde há uma colorida venda de flores e plantas.

O trecho nas imediações da Rua Redentor é calmo e com ares de cidade do interior.


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