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Charme, limpeza e bons restaurantes são motivos que fazem visitantes optar pelos hostels de Ipanema, mais que por Copacabana


Taís Mendes (tais@oglobo.com.br)

RIO - Um dos mais belos cartões-postais do mundo agora cabe no bolso do turista classe econômica. O charme, a infra-estrutura e, principalmente, a Praia de Ipanema estão provocando um boom de hostels no bairro que já ameaça deixar para trás Copacabana, lugar que concentra a maior parte da rede hoteleira da cidade. Numa única vila na Rua Barão da Torre, das 18 casas, 11 são ocupadas por hostels. Em sete deles espalhados pelo bairro, e visitados pelo GLOBO, é fácil perceber os atrativos: as hospedagens oferecem conforto semelhante ou melhor do que muitos hotéis convencionais. Até mesmo suítes privativas, com TV, acesso à internet e ar-condicionado - ambientes que em nada lembram os antigos albergues.

Limpeza e opções gastronômicas atraem turistas
A inglesa Niki Lynch, de 23 anos, na quinta-feira desfrutava seu último dia de viagem pela América do Sul, à beira da piscina do Hostel Bonita, inaugurado há três anos numa casa histórica do bairro, na Rua Barão da Torre, onde morou Tom Jobim entre 1962 e 1965.

FOTOGALERIA:Hostels em Ipanema
- As ruas internas de Ipanema são mais iluminadas, com mais vida. A praia é mais limpa e tem mais opções de restaurantes - resumiu.

Niki conta que passou os primeiros quatro dias no Rio em um hostel de Copacabana. A impressão não foi tão boa:

- É mais barato, mas achei o bairro escuro e com pouco movimento à noite. A praia também estava bem suja.

Pela primeira vez no Rio, o casal de gaúchos Carina e Rafael Di Bernardi fez coro:

- Numa pesquisa rápida, descobri que Ipanema é o bairro mais movimentado do Rio, além de ser mais charmoso e de ter a melhor praia - avaliou Carina, enquanto fazia seu check-in no Hostel Bonita.

Tarifas variam de R$ 50 a R$ 290, mas são negociáveis

As tarifas, de um modo geral, vão de R$ 50, nos quartos coletivos, a R$ 290 a diária de um casal numa suíte privativa, com tudo o que tem direito. Na baixa temporada é possível negociar os preços e uma diária num quarto coletivo pode custar até R$ 35, com café da manhã. O modelo barato e alternativo de se hospedar tem sido um bom investimento. A empresária Roberta Sicsu Lacerda, sócia do Ipanema Beach House, também na Barão da Torre, conta que estrangeiros já começam a dominar o negócio no bairro.

- O nosso é totalmente coordenado por brasileiros. O turista vem ao Rio para conhecer a nossa cultura - argumentou.

De fato, dos sete hostels visitados pela equipe do GLOBO, quatro têm estrangeiros como proprietários. O australiano Lance Donald, dono do Mango Tree, na Prudente de Moraes, arrisca o motivo:

- O problema é que muitos donos de hostels aqui nunca ficaram num albergue fora do Brasil e não sabem o que os hospedes esperam. Nos anos 60, os mochileiros não tinham dinheiro e nem tomavam banho. Hoje, são exigentes. Tem que ter Wi-Fi, TV, ar-condicionado e um bom café da manhã.

Ele conta que soube da oportunidade de investimento no bairro carioca durante uma visita ao Peru, em 2005.

- Lá, escutei falar sobre os albergues em Ipanema e decidi arriscar. Criei um bom negócio - disse, apesar do alto investimento para reformar a casa, construída em 1930.

Os turistas estrangeiros são maioria em hostels, público esse que não é novo no bairro. A Margarida's Pousada, na Barão da Torre 600, aposta no turismo internacional há 25 anos.

- No princípio, recebia muitos argentinos. Nos últimos dois anos, o número de brasileiros que passa por aqui aumentou, mas ainda assim os estrangeiros são maioria - conta a proprietária Margarida Carneiro.

A Associação Comercial de Ipanema não tem estatística do comércio, mas vem notando o crescimento do comércio no bairro. Segundo o presidente da associação, Carlos Monjardim, 20 hostels surgiram no bairro nos últimos cinco anos:

- De uns tempos pra cá, antigas casas que sobreviveram no bairro estão abrigando esse tipo de investimento.

Monjardim cita alguns atrativos de Ipanema que, na avaliação dele, pesam na balança na hora em que o turista escolhe o bairro onde vai se hospedar:

- É reflexo da segurança, do charme e da oferta de restaurantes. Mas o principal é o espírito dos moradores, que recebem bem os turistas. Claro há conflitos entre comerciantes e moradores. Buscamos resolver de forma pacífica e tem dado certo.

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