RESSACA !

Após temporal, ressaca assusta cariocas

Agência Estado

Por Bruno Boghossian

Rio - O mar revolto, com ondas explodindo na orla e formando um tapete de espuma branca cobrindo a areia de alguns trechos, atraiu curiosos nas praias do Rio. A ressaca provocada por um ciclone extratropical - mais um resultado da frente fria que causou os temporais de segunda e terça-feira - invadiu a ciclovia de Ipanema e levou água a metros da pista do Aeroporto Santos Dumont. A previsão era de que a altura das ondas chegasse ao auge esta madrugada.
"Um fenômeno como esse acontece de 10 em 10 anos. Não é comum, mas não tem nada de anormal", explicou Luiz Guilherme Aguiar, doutorando em engenharia costeira pelo programa de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Desta vez, a ressaca chamou atenção por ter afetado a Baía de Guanabara, que é protegida das ondas e costuma ter águas calmas. "Geralmente, as grandes ressacas do Rio são provocadas por ventos do sul ou do sudoeste. Neste caso, as ondas vêm do sudeste - que é a única direção que entra na baía", afirmou Aguiar.
As ondulações formadas pelo mar agitado quebravam nas pedras que protegem a pista do Aeroporto Santos Dumont e alagaram a via de serviço que fica a poucos metros da cabeceira da pista - o que, segundo a Infraero, não prejudicou os voos. A operação das barcas que fazem a travessia pela Baía de Guanabara entre o Rio e a estação Charitas, em Niterói, teve que ser suspensa.
Durante a tarde, a água chegou à Avenida Vieira Souto, que margeia a praia de Ipanema, e carregou areia até a ciclovia. Surfistas aproveitaram as condições do mar em Copacabana e centenas de curiosos assistiram à formação de nuvens brancas de espuma quando as ondas estouravam.
Os administradores dos quiosques da orla de Copacabana empilharam sacos de calcário agrícola na calçada para proteger as entradas dos banheiros subterrâneos durante a noite, caso a água ultrapassasse a faixa de areia. Estima-se que as ondas possam atingir cinco metros perto da orla, mas Aguiar esclareceu que a plataforma continental brasileira faz com que a energia se dissipe ao longo do trajeto e a altura seja menor na chegada às praias.

MAR EM FÚRIA


DIA 8 / 04 / 2010 ÀS 8,30HS








BARÃO DA TORRE

Moradores de Ipanema temem catástrofe

Thiago Feres, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Moradores de dois prédios na Rua Barão da Torre, em Ipanema (Zona Sul), estão preocupados com a possibilidade de deslizamento de uma enorme pedra e de árvores que tombaram na encosta do Morro do Cantagalo nas últimas chuvas. A tensão tomou conta das cerca de 50 pessoas que vivem nos edifícios 36 e 40.
– Se a pedra rolar, um dos dois edifícios certamente será atingido – alerta o síndico do prédio número 40, Fernando Paes, morador do local desde o nascimento. – A situação pode ser comparada a de um copo cheio d'água atingido por uma goteira: uma hora transborda. Qualquer chuva pode provocar um grave acidente, e vidas estão em jogo.
Durante a manhã desta quarta-feira, os moradores fizeram contato com a Defesa Civil do município, mas, até o início da noite, nenhuma equipe havia chegado ao local. A maior preocupação é de que a situação enfrentada nas enchentes de 1966 se repita.
– Estamos anunciando uma tragédia para evitar problemas passados, quando casas inteiras foram levadas pela força dos deslizamentos. Lembro-me que a Rua Barão da Torre ficou completamente fechada – conta Fernando Paes.
Enquanto isso, no alto do Morro do Cantagalo, algumas famílias aguardam ansiosas pela ajuda das autoridades. Os recentes deslizamentos destruíram completamente uma casa de madeira, onde viviam sete pessoas. O imóvel estava instalado em uma área considerada de risco. Segundo a proprietária, Thaís Eidiane, a única oportunidade de melhoria oferecida pelo poder público foi um financiamento fora das suas possibilidades monetárias.
– Na prefeitura, me fizeram uma proposta para pagar R$ 50, durante 10 anos, num imóvel do programa Minha Casa Minha Vida – explicou ela. – Somos assalariados. Ninguém aqui tem condições de assinar um contrato com esse valor por um período tão longo.
Instalado numa casa ao lado, e em situação de risco semelhante, está Edmilson Trancoso, 30, pai de um bebê de apenas dois meses. Ele alega também não ter condições de pagar por uma nova residência e revela ter recebido uma única proposta, logo no início das obras da estação Cantagalo do metrô.
– Me fizeram uma oferta de R$ 2 mil para deixar a área. Como vou arrumar outro lugar para morar com a minha família por esse valor? – questionou.

BAIRROS.COM

Enviado por Daniel Brunet
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Prefeitura se mobiliza para ajudar desabrigados

A subprefeitura da Zona Sul e a 6ª Região Administrativa (Leblon, Ipanema, Jardim Botânico, Lagoa e Gávea) estão aceitando doações de alimentos não perecíveis, roupas e colchonetes. Todo o material arrecadado será entregue às famílias da Rocinha, Vidigal e Vila das Canoas, que ficaram desabrigadas ou desalojadas, vítimas das fortes chuvas que caem sobre a cidade desde segunda-feira.
- Muitas pessoas perderam suas casas nessas comunidades. Estamos recolhendo doações e vamos repassar para elas - conta o chefe da 6ª R.A., Leonardo Spritzer.
As doações podem ser feitas, das 10h às 18h, na sede da 6ª R.A., que fica na Avenida Bartolomeu Mitre 1297, no Leblon.

ATA DA 60ª REUNIÃO

PROJETO DE SEGURANÇA DE IPANEMA

MOVIMENT0 APOLÍTICO, FORMADO POR MORADORES VOLUNTARIOS,
COM O PROPÓSITO DE AUMENTAR O BEM ESTAR SOCIAL NO BAIRRO
ATA DA 60ª REUNIÃO
LOCAL: Colégio Notre Dame- rua Barão da Torre Em 05 de abril de 2010
Horário: 1800 h
Coordenada por: Rogério Esteves

ASSUNTOS TRATADOS:

· Os convites para a reunião do dia 28 abril com o Secretario de Policia Civil já foram mandados confeccionar e devem estar prontos nesta semana. Assim que estiverem disponíveis, vamos coordenar a distribuição que deverá ser feita a princípio por Ignez,Giorgeana, Rogério, Roselene, Maria Teresa e Otacilio .

· Os dossiês sobre o carnaval foram entregues ao MP, Prefeitura e Secretaria de Turismo.
· Foi realizada reunião com o Chefe de Gabinete do Sec. de Transportes, Luiz Velloso, tendo sido decidido criar um grupo do PSI formado por Rogério, Achiles, Maria Teresa, Bruno e Giorgeana para acompanhar de perto as tratativas referentes à construção do metrô NSra da Paz. A ligação entre o PSI e a Secretaria será feita pelo Mario Carlos, do Metrô.
· A distribuição dos pré-títulos no Cantagalo foi um sucesso, tendo o Secretario de Segurança citado o PSI como exemplo de movimento de cidadania.

O PSI, através Giorgeana e o Quadrilátero do Charme ( Bruno) tiveram uma reunião com o engenheiro da empreiteira Odebrecht responsàvel pelo metrô Ipanema( NSra da Paz). Ele foi muito gentil e esta´a disposicão do PSI + Quadrilatero do Charme para quaisquer esclarecimentos julgados necessários.Disse que o projeto ainda não foi feito e que estão abertos para conversar e que não haviam ainda sido contactados por nenhum representante de moradores até a visita do PSI + Charme.

O PSI esteve presente na reunião do dia 29 de marco no escritorio da Paiasa e Ascolpra - associações do comercio legalizado da praia para ouvir seus objetivos para o ano de 2010. Estavam presentes também dois representantes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Vamos acompanhar a contrapartida destas duas associações.

O PSI esteve representado na reunião da Associação de Moradores da Sá Ferreira - Copacabana - com a presença de Rodrigo Bethlem ainda no cargo- na Universidade Estacio de Sa. Ouvimos as demandas do bairro vizinho - principalmente da Ladeira Saint Romain e as considerações do setor público.

PRÓXIMA REUNIÃO: 26 DE ABRIL—Colegio Notre Dame- 1800h
NOSSO BLOG: PSIPANEMA.BLOGSPOT.COM
NOSSO E-MAIL: PROJETODEIPANEMA@TERRA.COM.BR
ATA ELABORADA POR: ROGERIO ESTEVES

LAGOA

Lagoa Rodrigo de Freitas transbordae alaga ruas da zona sul do Rio

Em 12 horas choveu 178 milímetros - o dobro do esperado para abril

Do R7, no Rio

A lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio de Janeiro, transbordou e alagou várias ruas da região por causa do forte temporal que atinge o Rio de Janeiro desde a noite desta segunda-feira (5).

A ligação que a lagoa tem com o mar de Leblon e Ipanema não foi suficiente para escoar a água. Em 12 horas choveu 178 milímetros no Rio de Janeiro, o dobro do esperado para todo o mês de abril na cidade.

O alagamento já é considerado um dos piores da história. O número de mortes causadas pela chuva no Estado chegava a 79 às 15h desta terça-feira (6).

ENCHENTE

Ruas de Copacabana estão cobertas por terra, diz gaúcho no Rio

O relato é do arquiteto Nilton Medeiros, 46 anos, morador de Porto Alegre

As ruas de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, estão cobertas pela terra que desce dos morros próximos nesta terça-feira. O comércio também funciona parcialmente no bairro porque muitos proprietários de lojas não conseguiram chegar aos locais por causa dos alagamentos espalhados pela cidade. O relato é do arquiteto Nilton Medeiros, 46 anos, morador de Porto Alegre. Em férias no Rio de janeiro desde sábado, ele conta que não para de chover na cidade desde a tarde de segunda-feira: — Não sei de onde sai tanta água. Ontem, fiquei uma hora esperando o metrô voltar em Ipanema por causa de um alagamento. As ruas de Copacabana estão cobertas por terra. Parte do comércio está fechada porque muitas pessoas não conseguem chegar — diz. As condições do tempo na cidade mudaram os planos do arquiteto. Em vez de circular os pontos turísticos, Medeiros procura não se afastar do apartamento onde está para não ser surpreendido por uma eventual chuva forte e possível alagamento.
ZERO HORA

ENCHENTE

Comércio de Ipanema e Leblon está fechado

Fernanda Baldioti

RIO - Grande parte do comércio do Leblon e de Ipanema está fechado nesta terça-feira de vido a forte chuva que atinge a cidade desde o fim da tarde de segunda-feira. Algumas lojas começaram a abrir por volta de 12h30m, mas grandes redes como Ponto Frio e Paquetá estão fechadas. O volume de água do canal do Jardim de Allah, na divisa de Ipanema e Leblon, está quase transbordando. A água chega à borda do lado esquerdo para quem segue em direção à praia.

JARDIM DE ALAH - ENCHENTE


FOTOS DE MARCOS SOUZA













JARDIM DE ALAH - ENCHENTE







FOTOS DE MARCOS SOUZA

BAIRROS.COM

Enviado por Bairros.com -


Palestra sobre distúrbios do sono em Ipanema nesta quarta

Na quarta-feira, dia 7l, Dr. Fausto Ito, especialista em apneia do sono e ronco, estará dando uma palestra gratuita, às 20h, no Spa Maria Bonita, em Ipanema. As inscrições podem ser feitas pelo telefone: (21) 2513-4050. O especialista estará falando sobre higiene do sono, tratamento do ronco e apneia do sono e distúrbios do sono e também dando dicas para evitar o ronco e as apnéias. A palestra acontece na rua Prudente de Morais 729, no Ipanema Beach Spa.

FEIRA DE LIVROS

Universidade promove feira de livros com editoras nacionais

Por Redação -

Rio de Janeiro (O Repórter) -

A Universidade Cândido Mendes, em Ipanema, promove entre os dias 26 e 30 de abril a Feira de Livros Universitários.
O evento contará com roda de leitura, debates, workshops, sessão de autógrafos com Miguel Falabella, Dalmo Dallari, Desembragador Sylvio Capanema.
A feira de livros terá entrada franca e funcionará de segunda à sexta-feira, das 8h às 22h, na Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema.

COLUNA DO ANCELMO

Enviado por Aydano André Motta -

Banho bizarro

Xampu e sabonete

Sexta-feira, por volta das 17h, apesar do sol bombando, a praia de Ipanema, na altura da Anibal de Mendonça, estava bem vazia, o que destacava ainda mais a cena: cinco pessoas tomavam banho naqueles chuveiros vizinhos aos quiosques na areia. E daí? Daí que não era aquela água para tirar o sal. A turma usava sabonete, hidradante, xampu e condicionador.
Um menino ficava segurando o xampu e o condicionador, enquanto quatro mulheres se revezavam no chuveiro. De banho tomado, as quatro se enxugaram em toalhas brancas e, depois, enroladas nelas, deram um passeio pela areia.
Para a série "há testemunhas".

CHOQUE DE ORDEM

Choque de Ordem reboca 52 veículos na orla neste feriadão

Carros estavam estacionados irregularmente entre o Leme e o Leblon.Fiscalização também aplicou 172 multas entre sexta-feira e domingo.

Do G1, no Rio

A operação Choque de Ordem nas Praias, realizada pela Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) neste feriadão, rebocou 52 veículos e aplicou 172 multas por estacionamento irregular no trecho da orla entre o Leme e o Leblon.

Neste domingo (4), foram rebocados 10 veículos e aplicadas 31 multas por estacionamento irregular no trecho entre as praias do Leme e do Leblon. Em Ipanema, um menor que tentou roubar uma bicicleta, na altura do Arpoador, foi conduzido por guardas municipais para a 14ª DP (Leblon). No sábado (3), foram rebocados 21 veículos e aplicadas 62 multas por estacionamento irregular no trecho entre as praias do Leme e do Leblon. Em Ipanema, um caminhão de entrega de bebidas foi rebocado por fazer carga e descarga fora de horário, além de trafegar com pneus carecas.

Já na sexta-feira (2), a operação rebocou 21 veículos e aplicou 79 multas por estacionamento irregular no trecho da orla entre o Leme e o Leblon. Durante a fiscalização, um homem que tentou roubar uma câmera fotográfica de um turista, em Ipanema, foi preso e conduzido por guardas municipais até a 14ª DP (Leblon).

CANTAGALO

Reportagem:

O Cantagalo é um inferno pacificado

Por Marco Vaza, no Rio de Janeiro


"17, 18, 19, 20..." Na base do morro, numa das entradas da favela, um soldado armado da Polícia Militar (PM) conta as balas de um dos carregadores da metralhadora. A PM patrulha a íngreme entrada do morro enquanto dezenas de pessoas entram e saem. Até ao topo, serão algumas centenas de metros de chão empedrado e inclinado a cerca de 40 graus. A maioria aventura-se a pé, quem pode paga dois reais para subir de moto num dos dez "moto táxi" que estão de serviço. Os condutores conhecem todas as curvas e buracos. Tirando o soldado que conta balas, tudo parece pacífico no morro.

O mais difícil é fazer com que as pessoas confiem na polícia (Ricardo Moraes/Reuters)
Bem-vindos ao Cantagalo/Pavão-Pavãozinho, uma das últimas favelas do Rio de Janeiro a ser ocupada pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). O nome explica-se a si próprio, são batalhões de soldados da PM que ocupam favelas, expulsam o narcotráfico armado e se estabelecem em permanência. No Cantagalo, são 180 soldados, mais os oficiais, para 11 mil habitantes. A acção é complementada com programas sociais e de requalificação urbana - no Cantagalo há algumas barracas a dar lugar a prédios.O capitão da unidade é Leandro Nogueira, 32 anos e polícia há nove anos, ele que antes era professor de Geografia. "Primeiro é um trabalho de ocupação. Visamos controlar o território e expulsar o tráfico armado, garantir os direitos das pessoas. Vamos tentar mais à frente o contacto com a comunidade, ainda estamos num processo de consciencialização e apreensão de armas e drogas", explica o capitão da UPP do Cantagalo, no gabinete no topo do morro.As UPP, criadas em Novembro de 2008 pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, são unidades compostas, quase em exclusivo, por agentes vindos directamente da academia, onde tiveram um módulo em "polícia comunitária". Para lá do Cantagalo, existem UPP no morro Dona Marta, Cidade de Deus, Bantan, Babilónia, Chapéu Mangueira, Morro dos Cabritos e Ladeira dos Tabajaras.Há alguns meses, naquela mesma entrada, o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), celebrizado para o mundo através do filme Tropa de Elite, avançou para o morro com todo o aparato. Houve confrontos, troca de tiros, prisões e apreensões. "No primeira dia, atearam fogo num ônibus", recorda o capitão Nogueira. No início da ocupação as entradas e saídas eram controladas de forma muito rigorosa e, ainda no primeiro dia, deu-se a apreensão de uma espingarda desmontada na mochila de uma rapariga de 14 anos em uniforme da escola. O mais difícil, diz o militar, é fazer com que as pessoas confiem na polícia. Um dos incidentes mais graves desde a inauguração da UPP, a 23 de Dezembro, foi quando prenderam um homem e as pessoas "a mando do tráfico" fecharam uma rua, queimaram um colchão e atiraram pedras e garrafas à polícia.
O capitão Nogueira não mora no Cantagalo - faz 60 quilómetros de casa para o trabalho -, mas nas ruas é reconhecido por quase todos. Ouve muitas reclamações. Como as dos vendedores, que tinham ordem para desmontar as barracas mas sem sítio para se instalarem. Nogueira escuta, conversa e continua. Mais à frente, um homem em tronco nu sentado num caixote queixa-se de que foi abordado pela polícia sem justificação. "Você era da paz virada, agora é da paz...", diz Nogueira. O homem em questão era um criminoso de pequenos delitos, que Nogueira suspeita estar envolvido no tráfico. "A relação polícia-comunidade precisa de ser harmoniosa. Mas a gente ainda se depara com resquícios do passado, tanto da polícia como da comunidade", alerta. Recentemente, um caso mostrou como alguns vícios contaminaram a UPP: um soldado foi preso ao tentar assaltar uma caixa multibanco.
Com vista para IpanemaO morro do Cantagalo-Pavão/Pavãozinho é uma das 900 favelas do Rio. Fica na zona sul, a mais rica e turística da cidade, estende-se de Ipanema a Copacabana, mas é um "bairro de lata", com esgotos a céu aberto, casas precárias e fios de electricidade emaranhados, descarnados e perigosos. Tem, no entanto, uma vista deslumbrante sobre a praia da "coisa mais linda" que António Carlos Jobim já viu passar.O inferno está bem à vista. O Cantagalo pode estar pacificado, mas não é um paraíso.
São quilómetros de labirintos estreitos, onde, por vezes, nem chega a luz do sol. São centenas de barracas construídas em inclinação, numa base de terra e cimento. Têm portas de tamanho de criança, mas vivem famílias lá dentro, em espaços reduzidos e esconsos. As portas estão abertas e permitem ver o que lá se passa; muitas casas têm jovens adolescentes a tratar de filhos bebés e a ver qualquer coisa na televisão.
Outras, têm idosos demasiado fracos para saírem de casa.Cada esquina, cada beco, cada barraca mal dimensionada é uma história de miséria. Como a de uma criança de cinco anos que morreu com um tumor na cabeça porque não foi tratada a tempo. Os pais moram no mesmo barraco inclinado ao qual só conseguem aceder por uma escada. Ele está desempregado, ela também, o outro filho, Nathan, brinca nos degraus. Tem uma inflamação com mau aspecto nas costas, os pais prometem levá-lo ao médico.
O capitão diz para o irem inscrever na escolinha de futebol que a UPP criou. Os pais voltam a dizer que sim, que o levarão à hora marcada.A polícia parece perder-se no labirinto, e nem Nogueira se aventura na favela sem uma escolta armada de quatro soldados. "Nenhum policial anda aqui sozinho", justifica. Durante uma visita, um dos PM que acompanham o jornalista do PÚBLICO e o capitão Nogueira diz que por ali não há saída, que é preciso inverter a marcha. O caminho conduz a uma via de cerca de 30 centímetros de largura, por onde passam esgotos e que obriga a passar por baixo das fundações de uma casa sustentada por quatro vigas de betão armado.
De volta à rua, quem vai à frente vê alguém a correr e vai atrás dele. Nogueira explica que era alguém que estaria a vender algum entorpecente e dá ordem para os outros o perseguirem. Fica para trás, para perguntar a três crianças que estavam ali a jogar pipa se viram alguma coisa. "Acabámos de chegar", responde uma. Mais tarde, já na sede da UPP, os três homens que foram na perseguição dizem que conseguiram identificar a casa onde o possível traficante se escondeu, mas que uma senhora idosa não os deixou entrar.
O capitão ordena que regressem ao local e sejam mais convincentes.O tráfico de drogas no morro ainda existe, admite Nogueira. O que acabou foi o tráfico armado. "É o que nós chamamos de tráfico estica. O traficante anda com poucas quantidades, vende e, depois, vai buscar mais a um lugar distante. Ainda ontem, apreendemos 150 papelotes de cocaína [cada papelote tem entre cinco e dez gramas].
Aqui, enquanto existir, nós vamos reprimindo", garante. Durante a visita ao morro, o capitão irá dar ordem para revistar um adolescente que estava a jogar matraquilhos num bar. "Aqui era um ponto de venda", justifica, apontando para uma escadaria cujo acesso está agora vedado por uma grade. Do Nordeste para a favelaA história do Cantagalo é comum às outras favelas cariocas. Pessoas que não tinham dinheiro para comprar casa refugiavam-se aí, em barracas. Mais, o êxodo das zonas rurais para as cidades criou um problema adicional de habitação, e o governo criou alojamentos temporários que se foram tornando definitivos. Foi assim que Luiz do Nascimento, "Bezerra", chegou ao Rio de Janeiro.
No Ceará, Nordeste, não encontrava trabalho e foi para o Rio trabalhar na empresa de transportes que empregava o irmão.Começou por morar na Rocinha, uma das maiores favelas, mas, pouco depois, mudou-se para o Cantagalo, onde mora há 42 anos. "A vida era normal, não havia tráfico e a polícia quase não vinha. À noite, quase só se viam cachorros e um guarda-nocturno", recorda Bezerra, um motorista de autocarro reformado que é o presidente da associação de moradores do morro.Depois, vieram o tráfico e a violência. Desde os anos 80, confirma Bezerra. Com a proximidade de Ipanema e de Copacabana, a procura estava ao pé da oferta. Cresceram os lucros - as últimas estimativas antes da ocupação pelas UPP eram de receitas mensais a rondar os 1,2 milhões de euros - e aumentaram as armas nas mãos dos traficantes. Na mesma proporção cresceu a influência e o domínio sobre a população. "As favelas precisavam de tudo e, como o governo não dava nada, eles ganhavam muito dinheiro e davam assistência à comunidade. Eles é que davam ordens, faziam a lei. Eles é que eram a polícia", conta Bezerra. Quem controlava era o Comando Vermelho, na altura, uma das mais poderosas facções criminosas do Rio de Janeiro.As críticasUma sondagem publicada pelo "Globo" diz que 93 por cento das pessoas que vivem nas comunidades pacificadas concordam com as UPP. Não se discute a sua utilidade, mas as críticas vão para o oportunismo da iniciativa, implantada maioritariamente em favelas da zona sul, as zonas mais ricas, negligenciando-se outras zonas. "Estudos mostram que há regiões mais problemáticas e que precisam de mais segurança. As comunidades do subúrbio, da região central do Rio e do entorno da Tijuca [na zona norte] são exemplos", considera a socióloga Alba Zaluar.José Mariano Beltrame, secretário de Segurança do Rio de Janeiro, garante, no entanto, que algumas favelas na zona norte irão receber UPP. Ainda segundo Beltrame, até ao final de 2010, estarão em funcionamento 15 UPP para servir 59 comunidades, para um total de 120 mil pessoas.
A melhor defesa para este projecto é a diminuição do número de homicídios e de todos os outros crimes associados ao tráfico.Bezerra agora até já tem dinheiro para comprar casa noutro sítio, mas nunca irá sair do Cantagalo, porque "conhece todo o mundo", especialmente com as UPP, que considera a solução. "O pessoal tomou-lhes raiva, porque a polícia vinha e massacrava as pessoas", admite. Como acredita nas boas intenções da polícia, também está crente na redenção de alguns traficantes da comunidade, que ele gosta de chamar de "família".
"Tinha muita gente dependente dessa renda e claro que houve gente que ficou passando necessidade. Se conhecer bem as pessoas, elas não são ruins, aquilo virou um modo de viver. Tem muitos que saíram e que se tornaram gente boa, outros são ruins e não tem jeito mesmo."

PRAIA PARA TODOS

Projeto para facilitar acesso de deficientes às praias do Rio chega a Copacabana
Agência Brasi
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O projeto “Praia Para Todos”, que tem por objetivo tornar a praia acessível a pessoas com necessidades especiais, chegará neste domingo (4/4) à Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O projeto, que tem um caráter rotativo, funcionou por três meses na Praia da Barra da Tijuca, na zona oeste.A proposta é montar, todo domingo, uma infraestrutura com equipamentos como esteira na areia para facilitar a movimentação de cadeiras de rodas, cadeiras “anfíbias” que podem flutuar na água, rampas de acesso à areia, vagas de estacionamento reservadas e tendas de apoio. Também são oferecidas atividades esportivas adaptadas para deficientes, como vôlei e surfe.Segundo balanço dos organizadores do projeto, mais de 300 pessoas foram beneficiadas durante a passagem do “Praia Para Todos” na Barra da Tijuca. Na Praia de Copacabana, o projeto ficará instalado durante quatro domingos, ou seja, até o dia 25 de abril. Em maio, as instalações serão levadas para Ipanema, também na zona sul, e Piscinão de Ramos, na zona norte.A iniciativa, da organização não governamental Espaço Novo Ser, surgiu a partir da ideia do biólogo e surfista Ricardo Gonzalez, que ficou tetraplégico. Domingo(4), o “Praia Para Todos” ficará instalada no Posto 5, das 9h às 14h

CADÊ A EDUCAÇÃO ????



Local exclusivo para ciclistas e corredores é desrespeitado por muitos na cidade
Camila Ruback, do R7, no Rio


Foto por Camila Ruback / R7

Uma senhora empurra a cadeira de rodas de outra na ciclovia entre o Arpoador e Copacabana, zona sul. Atrás, homem caminha tranquilamente
O Rio de Janeiro, nomeado Capital da Bicicleta, tem cerca de 150 km de ciclovias que ocupam principalmente a orla das zonas sul e oeste. Mas o local que deveria ser usado somente por ciclistas (que não estejam em alta velocidade) e corredores (que não estejam em baixa velocidade) é justamente o alvo de pedestres, vendedores ambulantes, pessoas passeando com cães na coleira, pais e babás com carrinhos de bebês e até mesmo cadeirantes.

A reportagem do R7 flagrou todas essas irregularidades durante uma manhã ensolarada na praia de Ipanema, zona sul. E o desrespeito, segundo os próprios ciclistas e corredores, não envolve apenas os "intrusos". Muitos reclamaram que alguns ciclistas correm excessivamente e desrespeitam o sentido. Quanto aos corredores, as queixas acontecem quando estes passam a caminhar e quando resolvem mudar o sentido da corrida (a chamada "voltinha"), sem olhar para trás para evitar colisões.

Segundo Eduardo Benhardt, que trabalha na ONG (Organização Não Governamental) Transporte Ativo, as infrações acima são muito comuns no entorno da lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul.
- Na Lagoa há a faixa compartilhada, que é usada por pedestres, corredores e ciclistas. Seria muito melhor se todos respeitassem o sentido de direção, mas isso não acontece e vira bagunça. A maioria dos acidentes no local é por causa disso. Já a ciclovia da orla da zona sul acaba se tornando perigosa porque o movimento de crianças, cachorros e ambulantes é muito grande, ciclistas correm no "retão" e alguns não respeitam o sinal de trânsito. Os acidentes geralmente são porque o corredor mudou de direção sem olhar para trás. As da Barra da Tijuca e Recreio (zona oeste) têm menos movimento, mais curvas e se tornam mais tranquilas.

Uma cadeirante que passeava pela ciclovia de Ipanema e preferiu não se identificar disse que usa o local por causa do piso liso. Essa foi a mesma resposta dada por uma babá que empurrava um carrinho de bebê.
- O calçadão tem pedras portuguesas que fazem o carrinho tremer e balançar muito. Já a ciclovia tem piso lisinho e o carrinho fica até mais leve. Nós dois gostamos mais.
Confira também
O presidente da Fecierj (Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro), Claudio da Silva Santos, acredita que a prefeitura deveria investir em programas de conscientização da população, fiscalização e ainda oferecer mais bicicletários.
- A realidade poderia ser bem melhor se houvesse mais campanhas de educação com placas informativas e panfletos, por exemplo. As bicicletas também poderiam ser mais utilizadas se tivesse mais segurança para isso. Hoje, o ciclista deixa a bike em um bicicletário público e não sabe se vai encontrá-la ao retornar.
A gerente de ciclovias da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Anete Markus, informou que o centro de educação ambiental da prefeitura realiza campanhas de conscientização itinerantes, durante os fins de semana, nas áreas com ciclovias.
- Não há equipe específica de fiscalização porque acreditamos na campanha de educação e mudança de hábitos por parte da população. A Guarda Municipal até pode fiscalizar, mas não é a intenção, pelo menos neste momento
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(Foto Camila Ruback / R7: vendedor ambulante deixa triciclo parado em uma faixa da ciclovia)

Mais 45 km de ciclovias até 2016

A cidade onde cerca de um millhão de viagens de bicicleta são realizadas por dia - seja para trabalho, esporte ou lazer - segundo estimativas da ONG Transporte Ativo, vai ganhar mais 45 km de ciclovias.
É o que prevê o projeto do Corredor T5 para a Olimpíada de 2016. Além de espaço exclusivo para ônibus da zona norte à Barra da Tijuca, na zona oeste, haverá ciclovias que devem cortar dez bairros.
Eduardo Benhardt, que trabalha na ONG, acha que será um grande ganho para a população do subúrbio principalmente.
- Atualmente as zonas norte e oeste têm o maior número de usuários de bicicletas da cidade, mas a região não tem a infraestrutura necessária. A expectativa é que com a ciclovia chegando a estes lugares o número de ciclistas seja ainda maior.
A polêmica do uso do capacete
Para Benhardt, o uso do capacete como equipamento de segurança para ciclistas é polêmico. Segundo ele, estudos sobre o tema indicam que apenas 1% dos ferimentos após acidentes envolvendo bicicletas são na cabeça.

- As partes do corpo mais atingidas geralmente são pernas e braços. Pra mim, luva e joelheira são mais eficazes. Tenho um amigo que pedalava de capacete, caiu e perdeu massa da mão. Na dúvida, é melhor usar os três ítens.
O integrante da ONG Transporte Ativo disse ainda que não há estatísticas sobre o número de acidentes envolvendo ciclistas porque os casos não são registrados oficialmente.
(Foto Camila Ruback / R7: homem caminha no meio da ciclovia falando ao celular)