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Enviado por Fernanda Dutra -

Moradores de Ipanema e Leblon discutem festa de réveillon nos bairros

A Riotur deu início ao processo de licitação para as festas do réveillon na orla na semana passada. Antes disso, porém, a associação Projeto de Segurança de Ipanema entrara no Ministério Público contra o evento. Já no Leblon, a associação de moradores sugeriu à Riotur uma confraternização diferente: com MPB e bossa nova, traria, no máximo, dez mil pessoas. Daqui e de lá, surgiram opiniões de associações e moradores sobre as comemorações. Nem sempre convergentes.

Presidente do Projeto de Segurança de Ipanema, Ignez Barretto fez enquete informal para provar que os moradores não querem o réveillon.
— Entramos dois anos seguidos no Ministério Público e ganhamos. O mesmo acontece com o carnaval. Mas a Riotur continua duvidando se estamos tomando posição por todos, por isso fizemos a pesquisa — diz Ignez.
A organização da enquete ficou a cargo dos síndicos, que distribuíram cédulas perguntando quem era a favor e quem era contra a festa. Trinta e três edifícios participaram, totalizando 485 pessoas, e 77,73% disseram ser contra.
— Consultamos 1% da população, mas de vários endereços do bairro.
Considero que essa amostragem seja válida — afirma Rogério Esteves, que auxiliou na apuração dos resultados.

Enquanto na vizinha Copacabana o réveillon é uma festa tradicional, em Ipanema nem sempre há comemoração oficial. No fim dos anos de 2006 e 2007, no entanto, a Riotur organizou uma festa de música eletrônica no bairro.
— Foram quase dez horas de festa. E foi um inferno! As pessoas tentavam invadir prédios e hotéis em que estava tendo alguma coisa, houve assaltos. No outro dia, ainda por cima, estava tudo sujo — conta Ignez.
Segundo o caderno de encargos lançado pela Riotur, o réveillon de Ipanema seria realizado próximo ao Jardim de Allah, na divisa com o Leblon. O secretário Antônio Pedro de Mello minimiza a preocupação dos moradores:
— Ali tem poucas residências e, de qualquer forma, o evento será bem menor. Nada como o de música eletrônica dos anos anteriores.
Eles estão preocupados porque se lembram dessa festa.
Ignez enumera os argumentos que apresentou ao Ministério Público:
— Não há efetivo suficiente para Ipanema e Leblon, pois o batalhão que cobre nossa área, o 23 BPM, reforça o réveillon de Copacabana. E quem quer agito, vai para Copacabana, aqui ao lado. Quem não quer, também não vai descer para festa aqui. A presidente da associação de moradores de Ipanema, Maria Amélia Loureiro, pensa diferente:
— Acho legal fazer algo com o perfil do bairro, menor, com boa música. Dessa vez, a proposta não é chamar multidões.

A primeira proposta para o réveillon deste ano no Leblon partiu da associação de moradores do bairro. A inspiração veio do Leblon Jazz Festival, evento com música ao vivo promovido em maio deste ano, na Rua Dias Ferreira.
— Queria algo que tivesse a ver com o bairro, sem fogos, só com bandas daqui mesmo de jazz, blues e bossa nova.
Muita gente entrou em contato querendo participar da festa desde que o projeto foi divulgado — diz Evelyn Rosenzweig, presidente da entidade.
Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública da região, Augusto Boisson, não há condições de se realizar a festa:— O efetivo do 23 BPM está comprometido.
E como vão impedir as pessoas de irem à festa?
Vão cercar a praia? Não.
MPB está a um passo do pagode e do axé, a festa vai atrair todo mundo de Copacabana.

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