CAMPO MINADO



Campo minado

Aneel dá prazo para Light explicar explosão de bueiro em Ipanema

Gabriel Mascarenhas e Sérgio Ramalho


RIO - Responsável pela fiscalização das concessionárias de energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que aguardará até as 17h desta quinta-feira um relatório da Light com explicações preliminares sobre mais uma explosão de bueiro da concessionária, nesta quarta-feira, em Ipanema. A Aneel explicou ainda que já havia identificado problemas nas redes subterrâneas da concessionária, em vistorias realizadas no ano passado. A agência desenvolveu um cronograma de melhorias previstas para o sistema. De acordo com a Aneel, no último dia 7 representantes da empresa estiveram em Brasília para apresentar as intervenções feitas desde então. O documento está sendo analisado por técnicos da agência. Empresa admite ter que aperfeiçoar manutenção
O governo do estado, responsável pelo contrato firmado com a Light, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não irá se pronunciar sobre a explosão de ontem. Procurada, a Light admitiu que "as ocorrências recentes mostram que é necessário aperfeiçoar e intensificar, ainda mais, a manutenção na rede". A concessionária argumenta, ainda no caso da rede subterrânea, que atende cerca de 500 mil consumidores, os investimentos passaram dos R$ 12 milhões, em 2009, para R$ 32 milhões, em 2010. No mesmo período, as despesas em manutenção também foram elevadas, segundo a Light: de R$ 6 milhões para R$ 10 milhões.
(Leia mais: Polícia pedirá à Light relatórios sobre acidentes com bueiros)
A explosão desta quarta ocorreu na Avenida Visconde de Pirajá, a mais movimentada de Ipanema, expondo um risco que vem se tornando comum. Um levantamento feito pelo GLOBO identificou um campo minado nas calçadas cariocas. Só nos últimos 16 dias, ocorreram três incidentes com bueiros, ou um a cada cinco dias. No caso mais grave, um casal de americanos foi gravemente ferido, no último dia 29, em Copacabana.
Em Ipanema, a explosão na galeria subterrânea da Light lançou a tampa de ferro a um metro de altura, assustando pedestres e comerciantes. Ninguém ficou ferido. Funcionários de uma loja que viram o incidente disseram ter sentido cheiro de fumaça momentos antes da explosão, ocorrida por volta das 13h, na altura do número 44. Ainda de acordo com as testemunhas, os técnicos da Light demoraram meia hora para chegar ao local.
Um ex-funcionário de alto escalão da Light, que pede para não ser identificado, atribui a responsabilidade pela sucessão de acidentes da mesma natureza ao encontro de dois elementos que provocam a explosão:
- Em 95% de casos como este, a causa é a presença de gás na galeria subterrânea, ou seja, a CEG entra com o combustível e a Light, com a faísca.
Em meio à busca por explicações, as explosões em bueiros estão se tornando rotina. No dia 29 de junho, um casal de turistas americanos foi atingido em cheio quando o bueiro na esquina da Rua República do Peru com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana explodiu. Sarah Nicole Lowry, de 28 anos, foi arremessada, com a roupa em chamas, a uma distância de cerca de oito metros. Ela teve 80% do corpo queimado, enquanto seu marido, David James McLaughlin, de 31 anos, sofreu queimaduras em 35% do corpo. Ambos continuam internados - ela, em estado grave. Uma semana depois, nova ocorrência em Copacabana, na Rua Figueiredo Magalhães. Com o impacto da explosão, a roda dianteira esquerda de um táxi que passava pelo local ficou presa no bueiro . Não houve feridos.
Em março, por dois dias seguidos, explosões de bueiros da Light no Centro assustaram e feriram pedestres e prejudicaram o trânsito. No dia 8, duas mulheres ficaram levemente feridas na esquina das ruas do Ouvidor e Uruguaiana. No dia seguinte, na Avenida Presidente Vargas, o bueiro da Light explodiu e deixou várias ruas e prédios do Centro sem energia. O trânsito naquela área ficou congestionado. Para controlar o fogo, bombeiros precisaram interditar parte da pista da Presidente Vargas. Em Copacabana, houve outro susto no mesmo dia: dois bueiros começaram a soltar fumaça na esquina das avenidas Nossa Senhora de Copacabana com a Prado Júnior, e na esquina da Avenida Princesa Isabel com a Rua Ministro Viveiros de Casto.
Em fevereiro, moradores da Rua Santa Clara, em Copacabana, acordaram com barulho de estouros e fumaça. De acordo com a Light, o tumulto foi provocado por um curto-circuito na rede elétrica. Um bueiro explodiu e outro deixou escapar muita fumaça. Em setembro do ano passado, um acidente semelhante na esquina das ruas Primeiro de Março e Buenos Aires, no Centro, deixou uma pessoa ferida e danificou um carro.

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