SAÚDE


Saúde

Idosos criticam demora na fila da vacinação contra gripe comum


Rogério Daflon e Selma Schmidt


RIO - A prefeitura pretende vacinar contra a gripe comum 728 mil idosos até o dia 21. A missão vem sendo executada com atropelos, e as pessoas da terceira idade têm sofrido em imensas filas nos postos de saúde do município. Só no último sábado, na abertura da campanha planejada pelo Ministério da Saúde, 87 mil pessoas com mais 60 de anos foram aos locais de vacinação. Em Copacabana, bairro com mais idosos no Rio, 5.200 procuraram o posto.
Com 87 anos, o dentista aposentado Walter de Souza foi ontem à unidade de Copacabana, na Rua Siqueira Campos.
- Em primeiro lugar, deveria haver uma maneira de o idoso ficar mais sentado do que em pé. E se chovesse agora? - perguntou ele. - Deveria ainda haver uma fila só para idosos.
Walter se referia ao fato de que a campanha não se resume à vacina contra a gripe comum na terceira idade. Ela inclui também a vacinação contra a H1N1 (gripe suína) em idosos com doenças crônicas, adultos entre 30 e 39 anos e gestantes. Em alguns postos da cidade, devido ao grande fluxo, a fila passou a ser única. Copacabana, Madureira, Penha e Bangu têm mais filas
Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria municipal de Saúde, Rosanna Iozzi disse que a superlotação de postos nos primeiros dias de vacinação contra a gripe comum decorre da grande quantidade de idosos existente na cidade e da ansiedade de muitos deles:
- É muito bom que os idosos estejam indo se vacinar. Isso significa que confiam na vacina. Mas quero tranquilizá-los: há doses para todos. Eles podem procurar os postos, com tranquilidade, até o dia 21.
Rosanna informou que os postos com mais filas são os de Copacabana, Madureira, Penha e Bangu. Também com filas, mas menores, há o posto do Catete, na Rua Silveira Martins, e o PAM Oswaldo Cruz, no Centro.
Sem dar números, Rosanna disse que houve reforço nas equipes de vacinação, que contam com voluntários. Ao todo, 140 postos estão vacinando idosos contra a gripe comum. No sábado, foram 175, incluindo postos avançados.
Colunista do GLOBO, Zuenir Ventura, de 78 anos, enfrentou fila num posto avançado instalado junto à Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Em sua coluna, Zuenir descreveu a situação por que passou: "Eu estava entre os milhares de velhinhos que se vacinaram contra a gripe no sábado passado. Pena que no meu posto, em Ipanema, tenha reinado a maior bagunça. Na fila de duas horas na calçada, um sol de 50°. Lá dentro um ar mais fresco, mas não havia senhas, tinham acabado. Vocês não podem imaginar a confusão. Um dos voluntários, nervoso, tentava impor a ordem, alegando que estava ali sem café da manhã, sem almoço e - faltou dizer - sem paciência. No desespero, passou a gritar: 'A senha acabou, agora a senha sou eu!'"
Já na segunda-feira, quando a fila do posto de Copacabana chegou à Rua Tonelero, a chefe da unidade, a médica Vanja Mattos, afirmou que pelo menos 2.700 pessoas foram tomar vacina ali:
- No sábado, vieram mais de cinco mil pessoas. Mas havia bem mais gente para atendê-las e orientar a fila. Hoje (segunda-feira), quem atendeu as pessoas foram somente os funcionários do posto. Dona de casa desistiu duas vezes por causa de filas
Uma das pessoas que procuraram o posto de Copacabana ontem, a dona de casa Maria Lúcia Bernardes, de 75 anos, fez o seu diagnóstico:
- Há um problema claro de falta de pessoal.
A fila, mesmo sendo menor do que nos últimos dias, irritava os idosos:
- Vai ver como é a campanha de vacinação dos idosos em Florianópolis. Duvido que eu esperaria mais de uma hora na fila - afirmou o catarinense Antônio Sidnei Couto, aeroviário aposentado, de 73 anos.
No posto do Catete, a dona de casa Maria da Glória Ribeiro, de 71 anos, estava tentando se vacinar pela terceira vez.
- No sábado e na segunda-feira, a fila chegou à Rua do Catete. Desisti. Hoje, acho que consigo. Só vi duas pessoas atendendo. No caso da terceira idade, precisamos de mais gente vacinando.
A aposentada Leni Ribeiro, de 67 anos, também reclamou:
- Esta é a segunda vez que venho. Na segunda-feira, havia só duas pessoas vacinando e saí daqui bem chateada.
No posto da Tijuca, na Rua Desembargador Isidro, funcionários contaram que a vacinação no sábado e na ssegunda foi em regime de mutirão:
- Médicos de diferentes especialidades ajudaram a orientar a fila e a identificar os idosos mais debilitados. Alguns deles, que não conseguiam sair de seus carros, foram vacinados no próprio veículo - disse um funcionário, sem citar o nome.
No posto da Avenida Padre Leonel Franca, na Gávea, chegou a haver confusão no sábado, embora não tivesse relação com filas, segundo a presidente da Associação de Moradores do Leblon, Evelyn Rosenzweig:
- A acompanhante que levou minha mãe contou que os atendentes, possivelmente para agilizar o serviço, não abriam os pacotes das seringas na frente dos pacientes. A acompanhante viu que as seringas eram descartáveis. Mas alguns acharam que poderiam estar reaproveitando seringas.

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