LAGOA

Prefeitura estuda como reverter afundamento da Lagoa e outras áreas

Flávio Dilascio , Jornal do Brasil

RIO - O simples ato de caminhar ou trafegar de bicicleta, carro ou moto pode ser uma árdua e perigosa tarefa se isto for feito em determinados locais do Rio. Desgastadas, deformadas e rachadas, algumas áreas sofrem por conta do processo de aterramento que passou a cidade no século passado, o que contribuiu para o desenvolvimento de um subsolo argiloso. Pensando nisso, o Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (Geo-Rio) recorreu, no início deste ano, às equipes de consultores geotécnicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) para realizarem um estudo nas áreas mais críticas, o que permitirá à prefeitura dar início às devidas obras de adensamento do solo.
Dentre as áreas mais afetadas, um caso emblemático é o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. Na parte próxima ao Corte do Cantagalo, há quadras poliesportivas rachadas, irregulares e totalmente destruídas, além do acúmulo permanente de água em alguns locais, por conta do rebaixamento excessivo do solo. Alguns trechos da ciclovia também estão deformados e os quiosques já sentem no bolso o prejuízo pela falta de adensamento. A Geo-Rio, inclusive, já abriu uma licitação – avaliada em R$ 291 mil – para a avaliação do Parque do Cantagalo.
– Isto é uma formação natural do solo porque antes o mar vinha até esta área – explica a coordenadora do departamento de Engenharia Civil da PUC, Michéle Casagrande.
Drama na Borges de Medeiros
Além do Corte do Cantagalo, outro ponto deficiente do entorno da Lagoa é na altura da Sociedade Hípica Brasileira, na Avenida Borges de Medeiros. Na confluência com a Avenida Lineu de Paula Machado, o rebaixamento de uma das pistas torna as enchentes no local constantes, além de produzir ondulações no asfalto.
– O conceito que estamos desenvolvendo é que se resolva estes problemas definitivamente. Esta solução provavelmente será muito cara. Só para a área do Corte do Cantagalo, uma avaliação primária diz que o custo ficaria em R$ 50 milhões – revela o consultor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ (Coppe-UFRJ), Márcio Almeida.
Segundo os consultores, o adensamento do solo pode ser feito de várias formas. Uma delas é instalar uma grande lage com pilares de apoio que ultrapassam a camada de argila. Outra é utilizar os chamados produtos geossintéticos, compostos principalmente de plástico. Esta última técnica, no entanto, é muito mais cara.
– As prefeituras anteriores procuravam utilizar soluções temporárias para corrigir o problema, o que não é o correto. Esperamos que agora seja diferente, para não haver mais transtornos à população – afirma Márcio Almeida.
De acordo com o ambientalista Mário Moscatelli, os problemas na Lagoa começaram desde a administração do prefeito Marcos Tamoio, entre 1975 e 1979, que promoveu os últimos aterros do Rio.
– A Lagoa perdeu cerca de 60% de sua área original – diz.

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