BARÃO DA TORRE

Moradores de Ipanema temem catástrofe

Thiago Feres, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Moradores de dois prédios na Rua Barão da Torre, em Ipanema (Zona Sul), estão preocupados com a possibilidade de deslizamento de uma enorme pedra e de árvores que tombaram na encosta do Morro do Cantagalo nas últimas chuvas. A tensão tomou conta das cerca de 50 pessoas que vivem nos edifícios 36 e 40.
– Se a pedra rolar, um dos dois edifícios certamente será atingido – alerta o síndico do prédio número 40, Fernando Paes, morador do local desde o nascimento. – A situação pode ser comparada a de um copo cheio d'água atingido por uma goteira: uma hora transborda. Qualquer chuva pode provocar um grave acidente, e vidas estão em jogo.
Durante a manhã desta quarta-feira, os moradores fizeram contato com a Defesa Civil do município, mas, até o início da noite, nenhuma equipe havia chegado ao local. A maior preocupação é de que a situação enfrentada nas enchentes de 1966 se repita.
– Estamos anunciando uma tragédia para evitar problemas passados, quando casas inteiras foram levadas pela força dos deslizamentos. Lembro-me que a Rua Barão da Torre ficou completamente fechada – conta Fernando Paes.
Enquanto isso, no alto do Morro do Cantagalo, algumas famílias aguardam ansiosas pela ajuda das autoridades. Os recentes deslizamentos destruíram completamente uma casa de madeira, onde viviam sete pessoas. O imóvel estava instalado em uma área considerada de risco. Segundo a proprietária, Thaís Eidiane, a única oportunidade de melhoria oferecida pelo poder público foi um financiamento fora das suas possibilidades monetárias.
– Na prefeitura, me fizeram uma proposta para pagar R$ 50, durante 10 anos, num imóvel do programa Minha Casa Minha Vida – explicou ela. – Somos assalariados. Ninguém aqui tem condições de assinar um contrato com esse valor por um período tão longo.
Instalado numa casa ao lado, e em situação de risco semelhante, está Edmilson Trancoso, 30, pai de um bebê de apenas dois meses. Ele alega também não ter condições de pagar por uma nova residência e revela ter recebido uma única proposta, logo no início das obras da estação Cantagalo do metrô.
– Me fizeram uma oferta de R$ 2 mil para deixar a área. Como vou arrumar outro lugar para morar com a minha família por esse valor? – questionou.

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