QUE NOVIDADE !!!!

Areia de Ipanema é a mais suja na Zona Sul

Carlos Braga, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Os farofeiros terão que evitar fazer o tradicional bife à milanesa (movimento em que o banhista, molhado, lambuza-se de areia) em Ipanema.
De acordo com o levantamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, trata-se da pior areia da Zona Sul, principalmente por causa de cachorros e pombos.
O número de coliformes por 100g de areia está acima de 30 mil, e o de escherichia coli, uma bactéria encontrada nas fezes de animais, acima de 3.800.
O boletim de avaliação classifica as praias em ótima, boa, regular e não recomendada, caso de Ipanema, da Praia da Barra, na altura do Pepê e da Avenida Ayrton Senna. Foram consideradas ótimas as areias da Reserva (Barra) e da Prainha.
– Fazemos a coleta de areia em 35 pontos de diversas praias, sendo que 10 deles são em praias da Baía de Guanabara e o restante nas oceânicas – explica a engenheira química da Coordenadoria de Proteção ao Meio Ambiente, Vera Oliveira.

As coletas são feitas quinzenalmente, até as 9h, por técnicos da secretaria de Meio Ambiente.

Eles colhem amostras da faixa de areia imediatamente anterior à da que é banhada pelo mar. Esse trecho foi escolhido por ser o mais frequentado por crianças e idosos. Eles também anotam a temperatura da areia e do ar. O material é enviado para um laboratório, que mede o grau de umidade e o número mais provável de coliformes fecais e de escherichia coli por 100g de areia.

– Estamos divulgado a avaliação que fizemos entre os dias 9 e 23 de janeiro. Vamos soltar outra na próxima semana. Não queremos que a população entre em pânico. A classificação de não recomendada é para que se passe a ter mais atenção no contato com a areia. Não deixar que entre na boca, principalmente de crianças, e evitar ter contato direto com ela. É melhor sentar-se sobre canga ou na cadeira. O monitoramento é uma ferramenta de gestão, um aviso de que temos que cuidar mais da praia de Ipanema.
Não só o poder público, mas também os usuários, que não podem deixar lixo, nem levar animais à praia.
A Pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) diz que as pessoas se importam mais com a balneabilidade da praia e não ligam muito para a qualidade da areia.
Qualidade que depende muito do cuidado que têm seus frequentadores.
– Às vezes, as pessoas não tomam banho por causa da qualidade da água, mas nem sabem como está a areia. Na Praia da Bica, na Ilha do Governador, por exemplo, babás não deixam as crianças mergulharem, mas permitem que rolem pela areia – critica.
O infectologista da UFRJ Alberto Chebabo alerta para o risco de contrair doenças nesses lugares.
– Quando se tem nível acima do normal, bactérias podem causar diarréia e hepatite A. Qualquer coisa que tenha material orgânico tem maior chance de contaminar pessoas com hepatite A. Como, por exemplo, quando a criança bota a mão na areia e, depois, na boca. O risco é grande.
Todos os técnicos são unânimes em apontar o hábito de se levar cachorros para a praia como a principal razão do alto nível de sujeira na areia.

Salva-vidas diz que tem mais medo da areia que do mar

O boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que classificou como “não recomendada” a areia do Arpoador, comprovou o que muitos banhistas já suspeitavam. Carina da Silva Alves, de 30 anos, preocupada, levava o filho Guilherme, de apenas quatro meses para o seu primeiro mergulho no mar.
– Não deixo ele encostar na areia, tenho medo que pegue uma micose – disse.
O salva-vidas Diógenes de Moura, que trabalha no Arpoador há quatro anos, confessa que a areia é sua grande preocupação.

– Entro em qualquer tipo de mar, não me importa o tamanho das ondas. Apesar de nunca ter tido nenhuma doença relacionada à sujeira da areia, é dela que tenho medo. É muito suja, pombos e cachorros são comuns por aqui – lamentou
.
Para a dona-de-casa Mariana Toledo, de 29 anos, o cheiro da areia denuncia a insalubridade. Segundo ela, seu filho Caio, de 2 anos, recebe atenção especial na saída da praia.
– A areia daqui tem um cheiro forte de urina. Mas, mesmo assim, deixo meu filho brincar nela. O único cuidado especial que tenho é lavar os pés dele com água doce e sabão assim que chego no calçadão. Nem dou tempo de as bactérias e vermes agirem – contou.
Já a cabeleireira Adriana Azevedo Coutinho, de 36 anos, afirma não se importar. Natural de Macaé, ela brincava na areia, ao lado do filho Igor José, 8, como se não houvesse risco algum.
– Acho melhor que a de Copacabana. Apesar dos pombos e do lixo que as pessoas deixam para trás, não abro mão de desfrutar das areias do Arpoador – ressaltou.

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