PRAIA DE IPANEMA



Ipanema tem mais de 30 mil coliformes fecais em 100 g de areia

Estudo da prefeitura indica qualidade das areias cariocas. Presença de cachorros seria motivo do alto índice de bactérias.
Carolina Lauriano Do G1, no Rio

Duas crianças brincam com um adulto na areia poluída de Ipanema (Foto: Lucíola Villela / G1)
Banhistas e frequentadores das areias de Ipanema, uma das praias mais badaladas na Zona Sul do Rio de Janeiro, precisam ficar atentos. Um estudo divulgado nesta terça-feira (2) pela Secretaria municipal de Meio Ambiente indica que o local não é recomendado porque apresenta 30 mil coliformes fecais em cada 100 gramas de areia. Este é um dos piores resultados do estudo.
O relatório, que apresenta a qualidade da areia das praias cariocas, também não recomenda a praia da Barra da Tijuca e a de Sepetiba, ambas na Zona Oeste, a José Bonifácio, em Paquetá, e a praia da Bica, na Ilha do Governador. O boletim corresponde ao período de coleta do dia 9 ao dia 23 de janeiro. As únicas praias que registraram a qualidade da areia considerada ótima pela Secretaria foram a da Reserva e a Prainha, ambas na Zona Oeste.


Fezes animais seriam motivo do alto índice

De acordo com Vera Oliveira, gerente de Monitoramento Ambiental da Secretaria, o monitoramento das areias do Rio é feito há mais de 10 anos, porém a novidade é que a classificação foi revista. Agora os técnicos também avaliam, além de coliformes fecais, os índices de Escherichia coli, bactéria indicadora de contaminação de fezes de animais como o cachorro.


“Esse boletim dá Ipanema com muita contaminação e a gente atribui isso aos cachorros. Sempre tem animais durante a coleta e isso é proibido por lei. As pessoas querem usar uma praia de qualidade, mas elas têm que fazer um bom uso da praia, que significa não levar o animal e não deixar o lixo na areia”, disse.
Doenças

Mas de acordo com a dermatologista Maria Fernanda Reis Gavazzoni Dias, integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o maior perigo são as fezes humanas, já que as bactérias dos animais são espécies diferentes das dos humanos. “Se as fezes forem de cães, o risco é menor porque certamente não serão doenças graves. Ainda assim, se o cachorro não estiver doente, não transmite nada”.

Segundo ela, a doença mais comum transmitida por cachorros é a larva migrans, conhecida popularmente como bicho geográfico. “É uma doença de pele, que coça, é um bichinho que anda embaixo da pele, mas cura rápido”. As fezes humanas, de acordo com a dermatologista, podem transmitir verminoses e até mesmo hepatite. A coleta é feita até, no máximo, às 9h e os técnicos também anotam as condições do local, como quantidade de lixo e bichos. O resultado divulgado nesta terça levou em conta as anotações feitas desde 2006. A nova classificação, que monitorou 35 pontos de praia, surgiu após 4 anos de estudo.

Na semana passada, o Instituto estadual do Ambiente (Inea) divulgou um novo mapa, que mostra os índices de bactérias na água do mar.

Veja abaixo a lista completa dos resultados do estudo:

Até 10 mil coliformes – Classificação: ótima

Prainha Recreio - Praia da Reserva
De 10 mil a 20 mil coliformes – Classificação: boa

Recreio - Praia do Pontal Recreio - Praia da Macumba São Conrado – Pouso da Asa Delta Leblon - Bartolomeu Mitre Leme Copacabana - República do Peru Copacabana - Barão de Ipanema Botafogo Flamengo Ramos Engenhoca - Ilha do Governador

De 20 mil a 30 mil coliformes – Classificação: regular

Vermelha – Urca Brisa - Sepetiba Central - Urca Guanabara - Ilha do Governador Moreninha - Ilha de Paquetá Imbuca - Ilha de Paquetá Ipanema - Praia do Diabo Copacabana - Souza Lima São Conrado – Hotel Nacional Leblon - Visconde de Albuquerque Barra - Cond. Barramares Barra - Quebra Mar Guaratiba Grumari
Acima de 30 mil coliformes – Classificação: não recomendada

Barra - Ayrton Senna Barra – Pepe
Ipanema – Arpoador Bica - lha do Governador
Ipanema - Paul Redfern Ipanema - Maria Quitéria José Bonifácio - Ilha de Paquetá
Recôncavo – Sepetiba

Um comentário:

  1. É vergonhoso, mas é verdade. Mas eu discordo em parte das causas apontadas por Vera Oliveira, gerente de Monitoramento Ambiental da Secretaria municipal de Meio Ambiente que atribui toda a culpa aos cachorros.

    Sim, os donos dos cachorros colaboram muito para a sujeira, mas o que dizer desse exército de vagabundos que moram na praia e, entre um crackzinho e um fuminho, entre um roubo e outro, aproveitam para fazer um cocozinho básico ou um xixizinho trivial na areia? Aonde está o tal choque de ordem que não vê o que todo mundo está cansado de ver há anos?

    E aonde está a limpeza da praia? As areias só vão ficar limpas se forem revolvidas para valer e retirados todos o tipos de sujeira com peneira fina e profunda. Um trator que só faz espalhar titica pela superfície da areia não adianta, muito menos os garis da Comlurb.

    Como sempre, esses tais planos mirabolantes para botar ordem nas praias, anunciados com pompa e circunstância, não dão em nada. Eu já vi uns dez desses e tudo acabou em pizza, ou melhor, em merda.

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