MAURO VENTURA

Enviado por Mauro Ventura -

Apenas duas quadras

É sábado, e resolvo ir à rua para algumas compras rápidas. No caminho, duas senhoras atravessam a rua quando uma bicicleta na contramão por pouco não as atropela. Elas reclamam, cheias de razão, mas o ciclista esbraveja:

- A culpa é de vocês, que tinham que olhar para os dois lados!

Diante da insolência, não resisto e entro na discussão.

- Tá maluco? Você estava na contramão!

- Que contramão? Não existe contramão para bicicleta! - responde o homem, olhando-me como se eu fosse um maluco.

- Claro que existe! - retruco.

Seria inútil tentar convencê-lo do contrário e, antes que o desentendimento virasse briga, sigo em frente. Entro numa loja de produtos naturais e compro umas balas de alga. Dou o dinheiro e a caixa me entrega a mercadoria. Peço o tíquete. Ela faz cara feia, como se estivesse me fazendo um favor. Digita a compra e me entrega a nota, cheia de má vontade.

Continuo a caminhada até a loja da Nespresso. Como sou viciado em café, faço um estoque. O total dá R$ 190. Entrego o cartão, e a vendedora digita o valor. Quando vejo está anotado R$ 48,70. Aponto o erro e ela fica se perguntando o que aconteceu. Pensa durante algum tempo e se dá conta de que digitou os últimos quatro números do cartão como se fossem o valor do produto. Aguardo enquanto a moça estorna o dinheiro e refaz a operação.

Saio dali e no trajeto quase acontece um acidente, em pleno meio-dia de sábado na Avenida Visconde de Pirajá. Dois carros ignoram os pedestres, furam o sinal e por pouco não batem nos outros. Tenho que esperar a confusão para passar.

Faço os cálculos. Levei quase uma hora para percorrer duas quadras. Às vezes, morar no Rio pode ser muito desgastante.

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