CRÔNICA


NOVA IORKE

Não é erro de português. Eu conheci Nova Iorke (com i). Pelo menos a nossa (brasileira) Nova Iorke. Estou falando, óbvio, do Rio de Janeiro. Não, não vou chover no molhado e dizer que a cidade é simplesmente maravilhosa. Tá, só um pouquinho não faz mal: ela é.
Porque tem tudo. Tem belezas naturais (praia, morros, serra, rio, lagoa, natureza absolutamente exuberante - nunca vi orquídeas tão lindas como em Ipanema, pelas calçadas), gente bonita (gente, aliás, do mundo inteiro), sons de todos os lados do mundo nas ruas e muitos sotaques, cultura, diversidade cultural, social, econômica, tudo coabitando o mesmo ambiente, tudo junto-reunido no mesmo lugarzinho. O lugar realmente impressiona.
Eu tive a impressão de estar no centro do mundo, exatamente como me sentiria em Nova York, se estivesse na Times Square.
Andei por Ipanema e Leblon e vi de tudo, tomei café sentada nas calçadas, em lugares interessantérrimos e cheios de bossa, vi gente passeando sem fazer nada, de dia e à noite, e fiquei procurando a tal guerra civil que nos falam os jornais. Essa não encontrei. Nem sinal. Pelo contrário, conheci um Rio muito tranqüilo, apesar do trânsito movimentado demais e quase caótico. Vi muitos velhos andando pelas ruas. Muitos. Isso me chamou a atenção. Não vi muitos cães como há em Porto Alegre. Aliás, eles não são bem-vindos na praia. Mas no calçadão são, e muito.
Todo mundo que falou comigo e constatou que eu era turista me tratou muitíssimo bem. Comi bem e barato (pasmem... o Rio, fora os hotéis, não é tão caro) E como Nova York, é uma cidade democrática. Tem de tudo e pra toda gente. Até pra mim, ainda bem.
Almocei na Livraria Travessa, que tem livros, discos, gente linda e comida boa. Caminhei pelas ruas arborizadas de Ipanema, cheia de flores, de plantas, de gente exótica e colorida, caminhei por shoppings cheios de coisas legais e de artistas dando um tempo da TV, e, claro, fui à praia, porque sou filha de Deus. Fiquei horas olhando a orla do mirante do Leblon, pertinho da Favela do Vidigal e não tive medo. Constatei que ali mora gente boa, como em todo o lugar, ao lado de gente ruim, de onde vem a fama. Encontrei um Hare Krishna (eles estavam desaparecidos de Porto Alegre, e eu quase me emocionei ao constatar que eles não se extinguiram... mas não comprei o tal livrinho).
Passei por Copacabana e fiquei imaginando como seria ainda mais glamorosa vista nos anos 50... e por um segundo ou dois fiquei triste por viver na época errada... A Lagoa Rodrigo de Freitas e a árvore de natal dão um show, em meio à cidade, que parece toda um bairro, cercadas por montanhas belíssimas e pelo mar, mas isso vocês já sabem. E o Cristo... como diz um amigo meu, o Cristo é onipresente em toda a cidade do Rio. De qualquer ponto em que estejamos, podemos avistá-lo, pequeno (até demais, assim de longe... exatamente como a Estátua da Liberdade, lá na irmã gringa...) mas certeiro, com aqueles braços enormes abertos pra Baía de Guanabara, com um olhar de quem protege e convida a voltar muitas vezes.
É, “o Rio de Janeiro continua sendo”... o centro e o estandarte do nosso terceiro mundo tupiniquim e extremamente belo. Tão belo, que inebria.
A nós, gringos ou turistas, e ao seu povo nativo, que o encanta ainda mais com aquele sotaque cheio de marra, de xis e erres, todo cantado... aquela gente que sorri facinho, facinho, pra todo mundo que pode ver e ouvir. Nova Iorke sim. Mas melhor. Porque é nossa.

Postado por Mariana Collares às 7:34 PM

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