CHOQUE DE ORDEM

RIO - A chuva fina que caiu insistentemente foi apenas o primeiro problema da operação Choque de Ordem das Praias, que começou nesta terça-feira com uma polêmica que deve se estender pelos próximos dias. Depois do coco verde - que quase foi banido das praias, acusado de ser o "culpado" pela sujeira na areia -, o novo alvo da prefeitura é o Baixo Bebê, tradicional quiosque do Leblon, tombado em 1999 por seu reconhecido valor cultural. Os 68 brinquedos que compõem o espaço, em frente à Rua Venâncio Flores, foram apreendidos pelos agentes da Secretaria especial de Ordem Pública (Seop), sob alegação de não terem autorização para estarem expostos na areia.


Do hospital onde se recupera de uma cirurgia, a responsável pelo local, Nilze Barros, de 55 anos, se mostrou surpresa com a ação da prefeitura.

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Sou a favor do Choque de Ordem, mas para inibir a bandalha, não a brincadeira de crianças
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.- Eles alegam que eu uso o local como depósito, mas isto não é verdade. Não estou vendendo nem alugando nada; os brinquedos estão lá, gratuitamente, à disposição de todos, sem distinção de cor, sexo ou religião. Todo o Leblon passou por ali nos últimos 15 anos, o quiosque é a alma do bairro. Sou a favor do Choque de Ordem, mas para inibir a bandalha, não a brincadeira de crianças. O bom-senso tem que prevalecer.

O Choque de Ordem desta terça-feira ocorreu na orla entre o Arpoador e o Leblon, consideradas áreas piloto para a operação, que deverá se estender do Flamengo à Macumba. Em nota, o secretário de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, justificou a escolha do ponto de partida da fiscalização:

- Este trecho de praia possui uma reduzida faixa de areia e é o que acumula maior concentração de banhistas por metro quadrado. Entre o Arpoador e o Leblon é justamente onde acontece grande parte da desordem nas areias - confirmou Bethlem.

Além dos brinquedos do Baixo Bebê, foram encontrados dois depósitos clandestinos de barracas, cadeiras e isopores em Ipanema e no Arpoador. Foram apreendidos ainda 18 guarda-sóis, 16 cadeiras, oito isopores, três carrinhos de supermercado, um carrinho de feira e quatro engradados de bebidas. O consumo de bebidas em garrafas de vidro e o preparo de comidas na areia - como o camarão e o queijo coalho no palito - são algumas das proibições impostas pelo Choque de Ordem nas Praias.

Está limitada também a prática de qualquer esporte - como os tradicionais frescobol e altinho - na beira da praia até as 17h. As barracas deverão seguir o novo padrão visual da prefeitura, que não permite publicidade, e os isopores serão substituídos por caixas térmicas. Os comerciantes que descumprirem as regras estarão sujeitos ao pagamento de multa, suspensão e até cassação da licença.


Minijipes vão patrulhar a areia

Para patrulhar a orla, a Seop usará uma espécie de minijipe, que circulará pela areia para que os fiscais verifiquem se há barraqueiros fora dos padrões permitidos. Quatro picapes trabalharão no asfalto, para que os funcionários da secretaria Especial de Ordem Pública fiscalizem carros que servem de depósito e carreguem as mercadorias apreendidas, entre outras atividades. Os veículos, segundo Rodrigo Bethlem, foram doados pelas associações de barraqueiros da orla.

- Chegamos a um acordo com as associações, que se adequaram (à nova regulamentação) e, juntamente com as empresas fornecedoras de bebidas, estão doando equipamentos para fiscalizar a orla - disse Bethlem.


(Conheça nova "arma" dos fiscais da praia)

Um contêiner instalado no Jardim de Alah, com 22 guardas municipais e cinco agentes de Controle Urbano, centraliza a operação, que terá ainda tendas espalhadas pela areia. Serão mobilizados diariamente, das 6h às 20h, 143 homens. Também estão à disposição da fiscalização dois reboques, duas pick-ups (uma GM e outra do CCU), um caminhão, um carro de areia, dois carros elétricos e dois segways (patinetes elétricos).

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