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'A Light nos transformou em reféns'

Carter Anderson, jornalista

RIO - Acabo de ler na internet uma declaração atribuída a um dos vice-presidentes da Light, que minimizou os apagões na Zona Sul e disse que o fato só ganhou dimensão maior porque moradores de Leblon e Ipanema "falam alto". O problema é que os seguidos cortes de luz ocorrem por toda a cidade e vitimam pessoas que mal têm capacidade de falar. É o caso da minha mãe, que, aos 78 anos, sofre com um câncer em estágio avançado e está internada numa casa de saúde no Caju.

Ontem (sexta-feira), ela deveria ir ao consultório de um médico, na Tijuca, para tirar os pontos da biópsia a que foi submetida há duas semanas. Mas o que deveria ser algo relativamente simples se tornou um transtorno. Minha mãe está internada no quinto andar de um estabelecimento repleto de pessoas com dificuldade de locomoção. Durante a madrugada, a casa de saúde teve a energia cortada por um apagão. Apenas um dos elevadores voltou a funcionar ontem de manhã e, mesmo assim, só chegava ao terceiro andar. Minha mãe teve que descer dois lances de escada com muito esforço.

Quando minha irmã conseguiu colocá-la no carro e levá-la até a Tijuca, achou que o problema estava resolvido. Mas, chegando, por volta das 10h, ao Medical Center, na Rua Conde de Bonfim, as duas encontraram uma situação caótica: o prédio estava sem luz, e pessoas em cadeiras de rodas congestionavam o saguão. O médico que atenderia minha mãe desceu do consultório, no quinto andar, e a examinou. Mas não pôde, obviamente, retirar os pontos. A solução foi retornar à casa de saúde com uma lição: a Light nos transformou em reféns

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