ROTA TURÍSTICA


Rio terá rota turística que passa por duas favelas


Uma nova rota turística está prestes a ser oficializada no Rio de Janeiro. Dentro de pouco tempo, cariocas e turistas poderão percorrer as comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, encravadas entre Copacabana, Ipanema e Lagoa, e desfrutarem de formidáveis vistas da zona sul da cidade. A iniciativa é da Associação de Moradores, que vai treinar guias com o apoio do empresário e professor Daniel Plá, que começou a freqüentar a comunidade há um ano e se encantou não só pela paisagem, mas também pelos habitantes do lugar.

Daniel, que já levou muitos amigos - vários deles estrangeiros - para percorrer o morro, diz ouvir sempre a mesma pergunta: e o tráfico de drogas? "As incursões policiais são raras", explica Daniel. "E estamos sempre entrosados com a Companhia de Polciamento Comunitário da Polícia Militar. Todas as pessoas que eu trouxe disseram que se sentiram mais seguras aqui do que lá embaixo, no asfalto", conta.

O diretor da associação de moradores, Rubem Roberto, mais conhecido como Fumaça, está à frente da criação da rota turística do Pavão, cujo roteiro não dispensa paradas em um restaurante da comunidade onde se come peixe grelhado, comprado poucas horas antes na colônia de pescadores do Posto 6.

"A presença dos visitantes vai levantar o nome da nossa comunidade e mostrar que aqui a grande maioria das pessoas é pacífica e trabalhadora", diz Fumaça, 48 anos e filho de um dos primeiros moradores do lugar. O projeto do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral de fazer de Copacabana um dos primeiros bairros modelo do Rio - junto com o Leme - só reforçou a idéia da rota turística.

"Há 20 dias me reuni com o subsecretário municipal de Turismo, Pedro Guimarães, e ele adorou o projeto. Na terça-feira, vou apresentar ao deputado estadual João Pedro, da Comissão de Turismo da Assembléia Legislativa", conta Daniel, 52 anos, morador de Ipanema.

Mas, mesmo antes de a PM ocupar o Pavão permanentemente, como já está fazendo em outras comunidades da zona sul, quem sobe ao morro para apreciar a vista da Praia de Copacabana, das Ilhas Cagarras ou da Lagoa, acha o passeio tranquilo e inesquecível.

"Foi muito interessante, um grande aprendizado", conta o turista francês Emmanuel Grunemberger. "Encontrei pessoas que mostravam orgulhosas as casas que construíram. Me senti seguro".

Para Guy Friedel, que veio de Toronto, Canadá, foi uma experiência única: "é impressionante ver como os moradores se ajudam. Me fez repensar muitos conceitos". Quando for oficializado, o tour terá vários formatos. Tanto pode levar duas horas como o dobro.

A parada para almoço será opcional, mas é preciso ter bom preparo físico, porque subir quilômetros de escadas não é para qualquer um e o bondinho do plano inclinado só vai até um quarto do percurso.


JB Online

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