BICICLETAS

Bicicletas à espera de usuários

João Paulo Aquino, Jornal do Brasil


RIO DE JANEIRO - Quinhentos mil reais parados, estacionados sob sol e chuva. O investimento refere-se à instalação de 80 bicicletas para aluguel em Copacabana, Zona Sul do Rio. Denominado Solução Alternativa para Mobilidade por Bicicletas de Aluguel (Samba), o sistema funciona desde dezembro do ano passado, mas mesmo com todas as facilidades de uso, ainda não foi incorporado à cultura do carioca. O cadastro obrigatório pela internet e o registro do cartão de crédito, que fica aberto para débito durante o preíodo de aluguel, ainda são obstáculos para a popularização do sistema.

Durante o feriado de São Jorge e ontem, dias em que a equipe de reportagem do Jornal do Brasil percorreu a orla da praia e as duas estações do metrô onde há postos de aquisição dos veículos, apenas duas bicicletas do programa foram vistas em circulação. No entanto, perto das estações, muitos curiosos liam as placas explicativas sobre o programa.

A instalação e a administração das bicicletas e das estações onde elas podem ser adquiridas são feitos pela empresa Serttel, vencedora de uma licitação municipal. A prefeitura não entrou com recursos financeiros e receberá 10,5% do que for arrecadado com propaganda, já que as bicicletas possuem uma placa junto ao para-lamas.

– O projeto estava em fase de experimentação desde dezembro – conta o presidente da Serttel, Ângelo Leite. – Agora vamos começar uma campanha mais agressiva, assumir um posição comercial e divulgar o serviço.

Contando com o resultado de uma campanha publicitária, até o primeiro trimestre de 2010, o Rio terá cerca de mil bicicletas para aluguel em 50 pontos distribuídos por todas as regiões. No próximo mês, começa uma segunda fase do projeto, quando serão instalados mais 11 estações em Ipanema, Leblon e Lagoa. O investimento previsto contabiliza R$ 400 mil. De acordo com a Serttel, o negócio não gerou lucro nem prejuízos e até agora e a prefeitura também não arrecadou.

– Vamos fazer uma mudança cultural. O brasileiro tem o hábito de usar a bicicleta apenas para lazer. Queremos colocá-la para uso no transporte público, incorporá-la ao dia-a-dia do carioca, Já percebemos esse comportamento nos moradores de Copacabana – observa Leite.

A tecnologia desenvolvida no Brasil contribui para a sustentabilidade do município. Todas as estações onde a bicicleta fica presa é alimentada por energia solar. A medida, além de ecologicamente correta, evita transtornos com a quebra de calçadas. As estações não tem nenhum placar digital, o que baixa os custos de manutenção e diminui a possibilidade de vandalismo.

As bicicletas ficam na rua, em estações. Quem se registra no programa por meio de um site consegue destrava-las com um telefonema no valor de uma ligação local. O cliente não precisa de cartão ou qualquer outra ferramenta. O crédito para uso das bikes são comprados pela internet, com cartão de crédito.

Se o usuário ultrapassar 30 minutos sem colocar o veículo em qualquer uma das estações é cobrada uma taxa adicional a ser debitada automaticamente no cartão. A intenção é que o meio de transporte seja empregado para pequenas distâncias e que haja rotatividade entre os usuários.

– Esse tempo de meia hora poderia aumentar e mais estações precisam ser distribuídas – sugere o psicólogo Ricardo Cabral, que tem um cadastro para ele e outro para a esposa. – Eu, por exemplo, queria usar para ir de casa, em Copacabana, para o meu consultório, em Ipanema, mas não consigo.

As bicicletas do Samba não competem com as alugadas na orla por barraqueiros. Luciano Carlos tem cerca de 150 bicicletas e não percebeu a concorrência:

– Meu alvo são os turistas, que querem a magrela só para fazer um passeio. Por isso, funcionamos somente aos domingos e feriados.

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