E MAIL MANDADO ÀS AUTORIDADES COMPETENTES

Rio, 25/02/2009


Infelizmente o saldo do carnaval de 2009 em Ipanema foi desastroso.

O balanço é a sujeira, o cheiro de urina, a invasão de camelôs e de população de rua, a degradação, o barulho, a falta de policiamento, enfim um desastre! Alguns problemas ficaram muito claros:

1) Ipanema não comporta tantos blocos. O afluxo de público é enorme, a possiblidade de manter a ordem, zero, diante de tal multidão.

2) Abrir o calçadão nos quatro dias, aliás, não fechar, foi uma idéia infeliz. O que o poder público sinalizou com esta medida? Que o espaço público não estava mais sob controle, mas sim transformada em um local de vale tudo em todos os sentidos. O que se estimula com isto?

a) Aumento na criminalidade, no assalto a caminhões de carga e a depósitos de bebidas, contrabando, pirataria e roubo. Toda a mercadoria obtida desta forma ilegal vai parar nas mãos dos ambulantes. É impressionante verificar que em todo o bairro eram exatamente as mesmas coisas vendidas em todos os camelôs – os mesmos chapéus, óculos, cangas, camisetas, bikinis, óleo de bronzear e protetor solar, aderêços de cabeça etc. denunciando um distribuidor comum. Até as bijouterias que em princípio seriam “artesanais” são iguaizinhas de um camelô para outro. Estimulou que a população de rua se instalasse para valer. Na rua Vinicis de Morais, em frente à veterinária Frivet, entre Prudente e Visconde tinham umas três famílias que armaram umas barracas improvisadas e alí ficaram durante os quatro dias com crianças, fazendo suas necessidades, pedindo e vendendo bugingangas. Na orla , na areia perto do calçadão na Vinicius o mesmo quadro – umas três famílias com colchonetes, papelões, panos enrolados etc. Em frente à Laura Alvim , também na areia a mesma coisa.

b) Em frente à Laura Alvim um escultor de areia com as mulheres peladas que são indícios de agenciamento de turismo sexual.

c) Na Farme, dos dois lados da rua tinham umas pessoas que evidentemente estavam morando alí com uma montanha de isopores e de mesinhas de ferro , esperando a hora de fecharem a rua para começarem o seu comércio.

d) Não falamos ainda no consumo e tráfico de drogas que aumenta brutalmente em todo este tipo de festa.

3) O número de blocos , em torno de 5 por dia no bairro é insuportável. É muita gente, muita urina, muita sujeira e muito barulho. Os moradores ficam reféns, embora este ano o trânsito tenha fluído melhor. O cúmulo é a permissão para um bloco, que não sai, ficar na Farme, fechada em frente a um hospital. O mínimo do bom senso nos diz que o entorno de um hospital deve ser um ambiente respeitoso, de limpeza e silêncio. Acontece exatamente ao contrário. A Farme fica fechada durante os quatro dias a partir das 16hs. Para que? Estimular as pessoas, passado o bloco, ficarem na rua consumindo drogas, bebidas, urinando e fazendo bagunça?

4) Camelôs – a massa de camelôs foi impressionante.Eles eram initerruptos desde o Arpoador até a Maria Angélica tanto pela orla quanto no canteiro do meio da Vieira Souto, que se já estava estragado ficou arrasado de vez.

5) Lixo – as lixeiras não dão conta de tanta gente jogando lixo fora. Colocaram umas maiores que as habituais ao longo da Vieira Souto, do Arpoador até a Maria Angélica, mas nem de longe foi suficiente.

6) Banheiros químicos nem sei o que dizer. O fato é que é gente demais, não dá vazão.

7) Policiamento – durante todas as minhas voltas e de pessoas que nos estão mandando relatórios – zero. Sei que ontem , terça feira, teve uma operação na orla por volta de meio dia. Eu não vi, mas as informações dizem que rebocaram carros, pegaram mercadorias dos camelôs, enfim tentaram restabelecer um pouco a ordem, mas que tão logo os comboios iam passando os ambulantes voltavam todos. No sábado, em frente ao Posto 9 tinham 8 PMs no horário entre 14,30 e 17hs. não sei fazendo o que. O comércio irregular correndo solto, o lixo se acumulando etc.

8) Área de proteção ambiental. Tiveram a ousadia de arrebetarem os arames que protegem a vegetação na altura da Aníbal e tinham colchonetes jogados indicando que pessoas teriam dormido e, naturalmente, feito suas necessidades degradando um lugar que está sendo cultivado com tanto cuidado.

Sei que tudo que estou relatando já é do conhecimento de todos, a mídia tem dado cobertura exemplar. Não adianta só ficar reclamando, acho que temos de passar á ação e começar a organizar o carnaval de 2010 o mais rápido possível. Na reunião no 23º. BPM o Bernardo falou em nos reunirmos em Março para tratar do assunto.

Vão algumas sugestões:

1) não fechar o calçadão. Fecha normal nos feriados de Domingo e terça e nos outros dias só durante a passagem do bloco. Vai indicar que o lugar não está largado à vontade da população para fazer o que quiser.

2) Não permitir o bloco Bofetada em frente ao Hospital da Farme. Não fechar a rua.

3) Diminuir sensivelmente o número de blocos no bairro. O que tem o Afro Reggae de se apresentar em Ipanema? Ele não é de Vigário Geral? E tantos outros cujos organizadores nem moram no bairro e que acham que podem usar Ipanema para bombar seu bloco.

4) Levar todos os blocos, se possível, para o centro da cidade. Lá existe a possiblidade de fazer a festa mais organizada, de ter um planejamento da segurança pública mais eficiente, tem estacionamento á vontade, não incomoda ninguém, pode se colocar mais banheiros, estimular os bares e restaurantes do Centro que ficam ociosos no carnaval. Os hoteis poderiam fazer um esquema de transporte em micro ônibus para seus hóspedes e tudo funcionaria muito melhor. O comércio de Ipanema poderia abrir e aproveitar que o bairro está cheio de turistas para faturar mais criando impostos, renda e empregos temporários. A praia, que aliás é bom que não se esqueça, é uma área de proteção ambiental ( APA ) ficaria muito mais limpa e confortável para o próprio turista. No Leblon, onde quase não tem blocos ou pelo menos nenhum grande, estava a maior tranquilidade. O calçadão limpo, sem ambulantes, a praia cheia mas limpa, não tinha cheiro de urina. Garanto que os hóspedes dos hotéis e aparts do Leblon ficaram muito mais bem servidos do que os de Ipanema.O policiamento também seria muito mais eficiente, uma vez que não é possível ter contingente para atender á cidade inteira, de modo que se concentrar tudo no mesmo lugar ficaria muito mais fácil.

5) Colocar lixeira enormes em todas as ruas, nos dois lados da orla.

6) O que estamos assintindo no momento é mais um passo para a favelização da cidade. Depois de uma festa feita desta forma, o bairro tem de ir catando os pedaços para tentar reconstruir tudo que foi destruido. No longo prazo estamos “matando a galinha dos ovos de ouro”. Nosso bairro tão bonito, charmoso vai se degradando cada ano um pouco mais. Vai acontecer o que , infelizmente, já faz parte da história desta cidade. Os bairros vão se degradando, a cidade vai avançando deixando atrás de si um rastro de decadência, violência criminalidade e vazio econômico.O mais estranho é que vamos deixando isto acontecer em zonas onde houve investimento em infra estrutura, saneamento, uma paisagem ímpar.

PROJETO DE SEGURANÇA DE IPANEMA

Um comentário:

  1. Achei a Carnaval otimo! Tantas festas, tanta alegria, numa temporada de crise quando o mondo inteiro esta lamentando. Claro que tinha alguns problemas, mas ninguem quer que Ipanema se torna numa aposentadaria. Esse energia que você tem par proibir tudo seria mais util para cuidar da beleza do boairro. Por exemplo, fazer que a prefeitura colocou arvores na Barao da Torre, em vez desses arbustos ridiculos, uma grade bonita no General Osorio, em vez desse arame horivel, concertar as calçadas...

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