BANCO ANTIMENDIGO



Prefeitura lança banco antimendigo, e entidades criticam medida

Felipe Sáles, Jornal do Brasil

RIO - Depois de mais de dois meses de Choque de Ordem, o governo Eduardo Paes apresentou nesta quinta uma nova (e polêmica) arma: os bancos antimendigos, equipados com divisórias para impedir que a população de rua os transforme em cama.

A medida, que há dois anos causou polêmica em São Paulo, já chegou à Praça Paris, na Glória, e a promessa é se estender a todas as praças da cidade, o que pode acabar abalando as relações da prefeitura com moradores e entidades ligadas aos direitos humanos. A Secretaria Municipal de Assistência Social não participará dessa ação.
A iniciativa foi lançada na manhã de ontem na Praça Paris, onde a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) deu início ao projeto Gari na Praça, além de mais três bairros. Segundo a companhia, a Cinelândia será o próximo local a receber o banco antimendigo, mas não há previsão de quando isso irá acontecer.
– A gente já colocou divisórias nos bancos das praças para o pessoal não dormir porque isso aqui não é cama, é para as pessoas virem sentar e contemplar a cidade mais maravilhosa do mundo – defendeu o prefeito. – O guarda não pode ficar parado vendo as pessoas vindo aqui fazer suas necessidades.
Segundo Paes, toda a cidade vai receber o projeto, que será administrado pela Comlurb e prevê a colocação de garis responsáveis por cada praça, junto à comunidade e ao lado de guardas municipais. Embora a integração entre as pastas seja uma prerrogativa do governo Paes, a Secretaria de Assistência Social confirmou que não está prevista qualquer ação em conjunto.
– A Comlurb tem capacidade para fazer o projeto chegar a toda a cidade – argumentou Paes. – Vamos chegar a todas as praças, claro que não é cada cantinho e cada esquina, mas para as principais praças nós temos efetivo para isso e, se não tivermos, vamos contratar mais gente. Uma praça bem-cuidada, iluminada, é uma praça aonde vão famílias, pessoas de bem, e com isso as pessoas que vêm para usar drogas se sentirão constrangidas.

Entidade critica

A medida, porém, causou revolta em entidades ligadas aos direitos humanos e à ressocialização de moradores de rua, como a Fundação São Martinho, que tem um prédio na Lapa, perto da Praça Paris. Rafael Senna, assistente social da fundação, acredita que a medida servirá apenas para maquiar o problema social.
– A divisória mostra a que veio o novo governo, excluindo ainda mais os excluídos – criticou. – O governo tira os pobres da rua para dar a sensação de ordenamento urbano a fim de agradar a alguns setores da sociedade. Mas nada mais faz do que maquiar o problema.
Diretor da Associação de Moradores do Centro, Fernando Bandeira faz coro:
– É uma grande bobagem, a prefeitura deveria é colocar guardas à noite e melhorar a iluminação – acusou. – É uma medida discriminatória.
Já a vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos de Laranjeiras, Maria da Glória Figueiredo Souza, foi sucinta:
– Ninguém escolhe dormir em banco de praça – atacou. – A mendicância é um problema social que não se resolverá com essa medida.

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