REVEILLON INCERTO

Justiça libera, mas Réveilon de Ipanema é incerto

Renata Victal,

Jornal do Brasil

RIO - O juiz da 3ª Vara de Fazenda Pública, Cláudio Dell'Orto, liberou a festa de Réveillon na Praia de Ipanema. A decisão, no entanto, não garante a realização do evento. Agora cabe ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, se pronunciar, o que só deve acontecer na sexta-feira.

Enquanto o sinal verde não é dado, o promotor Eduardo Santos, da 8ª promotoria da Cidadania, já prepara um recurso. O imbróglio deixa os organizadores aflitos. Segundo Fábio Tabach e Flávio Machado, o prazo final dos patrocinadores expirou na segunda-feira.

– As quase 500 pessoas envolvidas na produção do evento não sabem se vão ou não trabalhar. Muitas delas abriram mão de outros empregos. E não sabemos mais o que dizer aos patrocinadores. Nosso prazo acabou – ressalta Tabach.

Os dois já pagaram os 10 DJs escolhidos para animar a festa. Eles comemoraram, mesmo que de forma parcial, a decisão do juiz.

– A gente não esperava outra decisão. Estamos organizando a festa de acordo com todos os padrões da licitação da prefeitura. Só dependemos da autorização da secretaria – afirma Flávio.
Em sua decisão, o juiz ressalta que, apesar de o comandante do 23º BPM (Leblon), Carlos Milan, ter dito que “diante da grandiosidade do evento” não teria capacidade de fazer o policiamento, o relatório da segurança realizado na festa do ano passado sugere que a PM poderá realizar novamente a atividade de policiamento ostensivo.

Dell'Orto diz ainda que a festa visa atender pessoas da cidade inteira e não apenas moradores do bairro. “No que se refere à razoabilidade a questão se coloca na solução do conflito entre os direitos de privacidade e tranqüilidade dos moradores do bairro de Ipanema e a oferta de uma festa popular, ao ar livre, para que todos os moradores da cidade e eventuais turistas”.

Decisão equivocada

Os argumentos, no entanto, não agradaram ao promotor.
–Vamos entrar com o recurso e nosso maior argumento é a segurança. No último ano houve um baleado. O próprio comandante diz que não tem como garantir a tranquilidade – explica Eduardo.

A decisão também desagradou os moradores. Eles reclamam do excesso de poluição sonora, número insuficiente de sanitários, demarcação de áreas vip na praia e um grande comércio irregular. A médica Júlia Souza, de 57 anos, conta que precisou sair de casa.

– O som era muito alto e não gosto de música eletrônica. É muito incômodo dormir com um bate-estaca daqueles na cabeça. Fui para a casa de uma amiga.

Augusto Boisson, presidente da Associação de Proprietários de Pequenos Prédios no Leblon e Ipanema, classificou como infeliz a decisão do juiz e teme que a festa se estenda pelas areias do Leblon nos próximos anos.

–O juiz não foi feliz. Ele não deve ter contemplado a opinião da população e das autoridades. Meu medo é que aconteça no Leblon o mesmo que aconteceu em Ipanema. Era muito sexo e promiscuidade entre automóveis das ruas paralelas. Acabaram com os gramados em frente aos prédios. Muita gente usando drogas. Até uma pessoa morreu. O bairro não tem estrutura para receber 300 mil pessoas.

Fabio Tabach rechaça o número de 300 mil pessoas no evento.

–Não colocamos 300 mil pessoas na praia. Fizemos um estudo e descobrimos que levamos 44 mil. Este ano conseguimos que a MTV transmita a festa para todo o país. A cidade só tem a ganhar com este evento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário