MEDO DO CARIOCA



Enviado por Fred Raposo -


Para além do talão

Se há uma coisa que coloca mais medo no carioca do que andar de terno e gravata no verão, é ver o flanelinha-amigo se aproximar logo que aciona o pisca-alerta para estacionar o carro. No Rio, isto é tão certo quanto o chavão morte e impostos.

Quem já dirigiu pela Cidade Maravilhosa e não viveu tal situação deve atualizar seu Guia Quatro Rodas, pois visitou a capital errada. Àqueles que desejam passar pela experiência, sugiro procurar vaga no intervalo de cerca de 200m da Rua Barão da Torre, entre as ruas Aníbal de Mendonça e Henrique Dumont, em Ipanema.

O trecho chega a comportar até quatro guardadores ao longo do dia. O número é próximo à média de 5,027 vagas/guardador na chamada Área Azul, o sistema Rio Rotativo na Zona Sul - que inclui Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, Gávea, Lagoa, Jardim Botânico e São Conrado. Todos estavam devidamente uniformizados e "talonizados".

Acontece que o asfalto desconhece estatísticas e, em alguns casos, bons modos. Basta o guardador (flanelinha?), todo pimpão, avistar um talão preenchido sobre o painel do carro e... Voilá! Dá-se a transformação.

Foi o que ocorreu outro dia, em uma vaga na Zona Sul. Após ouvir os impropérios habituais, restou o consolo de uma moradora de rua, que amenizou: "Não se preocupe, meu filho", disse a mulher, nos seus 50 anos, "ele diz isso para todos". Estávamos a 50 metros do trecho da Barão da Torre mencionado lá em cima.

O problema não está circunscrito a Ipanema ou à Zona Sul. E, enquanto o carioca movido a quatro rodas continuar ouvindo "isso", o assunto habitará as paginas desse Blog e dos jornais. Até o último talão.

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