DESABAFO DOS MORADORES DE IPANEMA

IPANEMA
FESTA DE REVEILLON

Considerações:

Acreditamos que o charme de Ipanema mundo afora precisa ser preservado. É importante ressaltar que 36% do turismo internacional chegam ao Brasil pelo Rio de Janeiro sem contar com o turismo interno. Todos vão à Ipanema à procura do seu estilo de vida praiano, descontraído e agradável.

O Reveillon de Ipanema se transformou negativamente em apenas 4 anos. Na passagem do dia 31 de dezembro de 2007 para o dia 01 de janeiro de 2008, sua população aumentou em dez vezes, comprometendo sua própria realidade e imagem.

As festas noturnas ao ar livre que acontecem em outros países jamais tem volumes tão grandes como se viu em Ipanema. Festas à beira mar combinam com relaxamento, descontração e a curtição de um meio ambiente incomparável e não uma multidão drogada e alcoolizada cercada de lixo e insegurança por todos os lados.

Observações:

1 - TRADIÇÃO DO BAIRRO
A festa de bairro onde a população ipanemense se encontrava e saudava o novo ano acabou, os rituais religiosos também.

2 - FESTA RAVE
A festa rave é muito recente: iniciou-se no Reveillon 2004/2005 como uma festa de musica eletrônica, em dois pontos da praia, para 30 mil pessoas aproximadamente. No Reveillon 2006/2007 teve o absurdo número de 1,5 milhões de pessoas. O Reveillon 2007/2008 em Ipanema contou com aproximadamente 400.000 pessoas.

3 - SUJEIRA & SAÚDE PÚBLICA
A praia ficou extremamente suja após receber 12 horas consecutivas de milhares de pessoas deixando lixo e urinando na mesma areia que no dia seguinte foi utilizada por crianças, famílias, turistas e moradores.

Lixo:
Nem a Comlurb, que fez um trabalho excepcional de limpeza na manhã do dia 1º de janeiro, foi capaz de impedir a maré de lixo que chegou na praia perto do Posto 9 (local de concentração de milhares de pessoas) observada na parte da tarde. O resto da orla de Ipanema estava limpa naquele momento.

Falta de banheiros públicos:
Foram contados aproximadamente 40 banheiros químicos na praia junto ao Posto Nove. Quantidade ridícula para um evento de 12 horas, resultado: as ruas do bairro especialmente as quadras da praia das ruas Maria Quitéria, Joana Angélica, Vinicius de Moraes, Farme de Amoedo e Teixeira de Melo, além da própria Av. Vieira Souto viraram um mictório a céu aberto.

Barracas de comida no asfalto:
Porque a Prefeitura permitiu que fossem instaladas barracas mambembes com balcão e cobertura plástica para venda de churrasquinho e outros tipos de comida no asfalto da Av. Vieira Souto, da Rua Maria Quitéria até a Vinicius de Moraes, após o bloqueio do trânsito? Isto se configura num flagrante desrespeito às posturas municipais de saúde pública, além de ser representativo do que não se deseja em termos turísticos para o bairro. O que se viu foi um cenário de pobreza e sujeira que não condiz com a história e a fama de Ipanema.

É importante destacar que os moradores pagam impostos caríssimos para morarem neste endereço residencial de beleza ímpar e por isso o mais caro do Brasil e um dos mais caros do mundo.

4 - INSEGURANÇA
Houve um aumento enorme da sensação de insegurança: todo o contingente de segurança pública foi deslocado para Copacabana o que acabou gerando inúmeros assaltos e uma morte, coisa impensável nos familiares Reveillons em Ipanema de até dois anos atrás.

5 - FOGOS DA LAGOA
Ipanema já tem uma festa que são os fogos da Lagoa. O Reveillon a ser oficializado pela Prefeitura na praia significa um aumento maior ainda de fluxo de pessoas, geração de lixo, caos no transito e etc... em um bairro de área geográfica pequena.

6 - POSTOS DE SALVAMENTO
Porque os postos de salvamento do Leblon foram todos reformados e os de Ipanema, que recebeu uma festa para milhares de pessoas, não o foram? Qual o cuidado que a cidade do Rio de Janeiro tem com a imagem de Ipanema, quando deixa milhares de turistas que vêem para a festa, ver e usar os postos velhos, surrados, alguns inclusive sem luz ?

7 - FESTA LONGA
Porque fazer uma festa pública com duração mínima de 12 horas num bairro residencial? Porque fazer uma festa que fez com que milhares de pessoas de fora tenham permanecido no bairro em condições precárias de higiene? O próprio Reveillon de Copacabana faz com que os visitantes permaneçam no bairro um período muito menor, o que é menos pernicioso.

8 – MÚSICA ELETRÔNICA X BOSSA NOVA
Porque a Prefeitura do Rio de Janeiro deseja oficializar uma festa de música eletrônica, exatamente no bairro símbolo da Bossa Nova? O que a Prefeitura prepara para Ipanema no ano em que a Bossa Nova, que é parte presente da sua fama e história, comemora seus 50 anos?

9 - RAVE E DROGAS
Porque a Prefeitura deseja promover uma festa oficial de Reveillon com uma “rave”
(festa reconhecidamente ligada, no mundo todo, ao alto consumo de drogas sintéticas) onde milhares de pessoas permaneceram drogadas por muitas horas?

10 - RETORNO PARA IPANEMA
Qual o retorno que Ipanema, sua imagem, seus moradores e comerciantes receberam dos organizadores e patrocinadores? Um assassinato, diversos assaltos, praia imunda e ruas cobertas de urina e lixo?
A imagem do bairro é explorada no pesado marketing dos patrocinadores que ganharam a exposição de suas marcas para milhares de pessoas e pelos organizadores que tiveram grande retorno financeiro, mas e o bairro, o que ganhou?
Porque colocar de 300.000 a 500.000 mil pessoas, boa parte delas drogada e alcoolizada, por no mínimo 12 horas em um bairro que não tem tamanho, infra-estrutura, tradição, nem o desejo de ser usado e explorado? Vale lembrar que no tradicional Reveillon de Copacabana a motivação, a atmosfera e o “agito” são mais tranqüilos e não “enlouquecidos” como o que se viu em Ipanema.

11 - CONTRADIÇÃO COM A IMAGEM
Porque fazer uma festa oficial de Reveillon em Ipanema que contradiz as características de cultura e descontração que sempre caracterizaram o bairro e sua história.

12 - NÃO AOS GRANDES EVENTOS
Ipanema combina com intimismo, sofisticação praiana, charme despojado e leveza além de ser uma referência de moda. Definitivamente não combina com tumulto, sujeira, mortes e multidões. Porque começar uma tradição mal feita e desassociada do local em que se encontra?

Propostas:

- Redução expressiva do tamanho, do formato e da promoção/marketing da festa de música na praia. Desejamos participar das discussões referentes aos três assuntos.
- Alteração da proposta musical para incluir a Bossa Nova e seus influenciados na programação de música eletrônica da noite.
- Redução do horário da festa:
de 21:00 hs até 24:00 hs - Bossa Nova e suas influências
de 24:00 hs até 3:00 hs. – Música Eletrônica
- Eliminação completa de barracas montadas em calçadas, vias públicas e na areia. Desejamos fiscalização específica e rigorosa neste assunto.
- Colocação de maior número de sanitários públicos e em lugares específicos a serem discutidos.
- Colocação do efetivo de segurança pública compatível com o novo tamanho da festa.

O Secretário Rubem Medina diz, conforme O Globo de 29/11 pg 35, que os moradores de Ipanema "estão julgando a festa pelo tipo de música". Fábio Tabach, que creio não reside em Ipanema, falta com a verdade ao dizer que somente uma minoria dos moradores é contra a festa. As kombis que chegam no canteiro central da praia dois dias antes da festa emporcalhando a área, os ambulantes com botijões de gás que podem explodir no meio do povo, pessoas urinando nas ruas do bairro, pisoteando e destruindo os jardins e uma confusão generalizada são pontos não avaliados por estes dois senhores.

Parabéns Cel. Milan por sempre optar pela segurança e ordem da cidade !!

Além do incômodo, do barulho, da sujeira, da urina e de todos os inconvenientes que a população do bairro tem, é muito importante frisar que o evento não oferece as mais mínimas condições de segurança. Os índices de ocorrências, só durante o reveillon, são maiores do que os de todo um mês, o ´Controle Urbano e o Comitê gestor da Orla não conseguem controlar os ambulantes de comida com botijões de gaz, segundo eles mesmos este pipocam como cogumelos da terra e eles podem explodir colocando em risco a vida de milhares de pessoas.

Existe um outro aspecto que é o impacto ambiental de uma festa onde as pessoas usam as areias por horas seguida, urinando e defecando, fazendo sexo e se drogando. depois esta mesma praia vai ser usada por famílias e crianças no dia seguinte.

A limpeza da Comlurb não dá conta de tal sujeira. Enfim, toda a festa é um festival de irresponsabilidades que começa com o investidor que dá o dinheiro e não quer saber como tudo vai funcionar, dos produtores que só querem saber de fatuarr, da Prefeitura que acha que a festa projeta a cidade turisticamente, esquecendo que o que nós devemos vender são paias limpas, cidade limpa, organizada e segura. O resto - a natureza exuberante que temos - faz sozinha.

A prefeitura também esquece que o dia que vier uma tragédia, e é questão de tempo, a propaganda negativa supera emilhares de vezes tudo que se fez tentando vender a cidade de maneira irresponsável.

Respeitem, os moradores e comerciantes que pagam um alto IPTU. Não queremos shows nem festanças destruindo as calçadas, obstruindo as ruas, ocupando as vagas com kombis e caminhões caindo aos pedaços (que deveriam estar fora de circulação), deixando um rastro de sujeira misturado com droga, urina, fezes e suas consequências