ESCONDERIJO DE LADRÕES



Tráfico investe na ‘indústria’ de roubo a turistas na Z. Sul
Levantamento da polícia indica que oito em cada dez ladrões que atacam em Copacabana, Leme e Ipanema ganham abrigo de criminosos dos morros do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo
Rio - As comunidades do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo, no coração da Zona Sul, foram o destino final da maior parte dos pertences roubados dos turistas que visitaram a Cidade Maravilhosa entre os meses de janeiro e setembro de 2008. Uma minuciosa investigação da Delegacia Especial de Atenção ao Turismo (Deat) sobre a quadrilha que controla esses morros mostra, em números, como o tráfico alimenta e se aproveita da ‘indústria’ de ataques a quem visita o Rio.
Foi com base nessa análise que o delegado Fernando Veloso planejou seu trabalho.O resultado mais expressivo ao longo desses sete meses de escutas telefônicas, cruzamento de dados e pesquisas de nomes nos bancos de dados da Polícia Civil foi obtido na operação de quarta-feira, em que dez bandidos foram tirados de circulação: sete se renderam e acabaram presos. Os outros três, que reagiram, morreram num intenso confronto que apavorou os bairros de Ipanema e Copacabana.Pois são justamente esses bairros, além do Leme, que mais sofrem com a ação desses criminosos.
Um levantamento feito pela Deat com base nos registros de crimes cometidos contra turistas revela que 61% dos roubos e 69% dos furtos são praticados nessa região.
“É possível que oito de cada dez ladrões de turistas sejam dessas comunidades. Pelo menos metade dos ladrões sai do Cantagalo ou do Pavãozinho. Os traficantes dão auxílio moral e material a que sai para roubar”, afirma um investigador.
A Deat conseguiu organizar um gigantesco banco de dados detalhando nomes, fotos e áreas de atuação desses criminosos. Só no Leme e em Copacabana são 331 nomes, e mais 102 em Ipanema, além de 61 menores infratores que também agem na Zona Sul.
O ‘auxílio moral’ citado é a da proteção territorial e a receptação de boa parte do material adquirido com os assaltos. “Na nossa investigação, fica claro que os bandidos compram essas mercadorias, especialmente objetos de ouro, e até incentivam que eles desçam, emprestando e alugando armas”, diz Fernando Veloso. A repressão tem dado resultado.
Na capital, o número de roubos e furtos caiu de 216, em janeiro deste ano, para 120, em setembro. No mesmo período, em Copacabana, Ipanema e Leme, os números despencaram de 146 para 78. Fixação em ampliar o poder de fogoA caçada aos ladrões de turistas continua.
Na lista da Deat, entre muitos nomes, dois se destacam: Antônio Francisco Rodrigues Marques e Moisés Gaby de Almeida — ambos do Pavãozinho.
O trabalho em cima dos traficantes não pára. O motivo está em um trecho de escutas telefônicas gravadas com autorização judicial que revela a obsessão dessa quadrilha por armas pesadas. Na ação de quarta-feira, três fuzis e uma metralhadora antiaérea ponto 30 foram apreendidas. E como revelam os grampos telefônicos realizados pela Polícia Civil, Samuel usava seus lucros para armar ainda mais a quadrilha.
GRAVAÇÃO traficante Samuel de Freitas e Silva, o Muel, um dos protagonistas da guerra do Chapéu Mangueira, conversa com um comparsa, Ivo Pablo de Souza, e pede que ele traga dinheiro para a compra de um fuzil.
A conversa foi gravada em 2 de agosto. Quarta-feira, ambos foram presos pela Polícia Civil após o tiroteio no Cantagalo.
Samuel: Aí na minha mochila, confere aí, deu R$ 6 mil. Anota, intera o do Ruger (fuzil). Faz uma anotação você mesmo e traz aqui em cima.
Ivo: Já é. Vou aí.
Samuel: Vê aí. Já tem R$ 4 mil separado. Tem um montão de dinheiro. Tu junta R$ 6 mil aí e traz pra cá pra rampinha. Só o dinheiro e o teu também. Tu falou que é R$ 2 mil, né?!
Ivo: Tá bom, vou piar (aparecer) aí agora.

Um comentário:

  1. Que coisa hem?...

    E agora, como recompensa à fantástica comunidade do Pavão, vocês querem dar títulos de posse?!

    Parabéns!

    Ah!, e dêm lembranças ao Rodrigo Bethlem, aquele do Ipabacana. Tá cada vez mais bacana andar em Ipanema porque além dos mendigos e moradores de rua antigos, as ruas já estão repletas com a nova geração.

    É isso aí! Renovação sempre!

    A dona do Projeto de Ipanema precisa andar mais na rua e deixar de lado as ambições políticas, deixar de fazer demagogia com os favelados e se preocupar mais com quem paga o IPTU mais caro do Rio.

    Sabem quando que esse Projeto de Segurança de Ipanema vai dar certo?... Pois é.

    A falecida AMAI (Associação dos Moradores e Amigos de Ipanema) era a mesmíssima coisa e quem diria, acabou no Irajá (Associação dos Moradores e Amigos de Irajá).

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