DISPUTA POR VAGAS

Disputa por vagas: PM, sindicalista e 6 guardadores são presos

Marcelo Bastos

Rio - Oito pessoas foram presas, ontem, na disputa pelo controle de vagas de estacionamento na Zona Sul do Rio. Entre elas, seis flanelinhas do antigo sistema Vaga Certa, um oficial reformado da Polícia Militar e um dirigente do Sindicato dos Guardadores Autônomos. Eles são acusados de formação de quadrilha, roubo (por tomar os talões dos novos operadores) e estelionato (por vender a motoristas um bilhete de estacionamento que não é mais válido).

Autônomos do sistema antigo tentam impedir o trabalho dos funcionários da Embrapark, empresa contratada pela Prefeitura para controlar 9.049 vagas em oito bairros da Zona Sul, a chamada Área Azul, que substitui o Vaga Certa.

Preso, o capitão PM Henry Ribeiro da Costa foi acusado de circular em seu EcoSport preto LUV 1800 ameaçando os novos guardadores. Segundo a polícia, ele foi reformado no fim da década de 90 por envolvimento com estacionamento irregular. “Vamos combater essa prática no Leblon e em Ipanema porque causa insegurança. Investigamos possível participação de outros policiais”, disse a delegada Bianca Araújo, da 14ª DP (Leblon).

Dois oito, seis foram detidos de manhã por policiais do 23º BPM (Leblon) por intimidação. Armado, Henry, conhecido como Robocop, e outro homem foram à delegacia tentar soltá-los. Os dois foram reconhecidos por testemunhas e acabaram presos.

Seis registros em delegacias da Zona Sul

Segundo a polícia, há indícios de que o grupo seja o responsável por crimes praticados contra os funcionários da Embrapark, desde segunda-feira, quando a empresa assumiu, oficialmente, o controle das vagas no Leblon, Ipanema, Copacabana, Leme, Jardim Botânico, São Conrado, Gávea e Lagoa. Guardadores da Embrapark sofreram agressões, ameaças com arma de fogo e roubo de talões além de intimidações.

Seis registros de ocorrência foram feitos ontem, em duas delegacias da Zona Sul: dois na 12ª DP (Copacabana) e quatro na 14ª DP (Leblon). Segundo a Embrapark, pelo menos 15 pessoas procuraram delegacias da Zona Sul. Na Avenida Atlântica, em Copacabana, um funcionário foi agredido, teve uniforme rasgado e óculos quebrado por quatro homens que estavam num Palio. Levaram o talão do guardador.Já na Rua Carlos Góis, no Leblon, outro guardador teve dinheiro e celular roubados. Com medo, ele pretende deixar o trabalho. “Eles mandam a gente ficar no local. E se meterem bala na gente?”, questionou outra funcionária”.

POLICIAL JÁ FOI DETIDO POR EXTORSÃO


Apesar da acusação de estelionato pela venda dos talões do Vaga Certa em área já concedida à Embrapark, o Sindicato dos Guardadores Autônomos mantém a orientação a seus associados para que continuem trabalhando. “Não aceitamos as prisões e já registramos queixa na Corregedoria da PM. Nossa orientação é que os autônomos continuem nas ruas”, afirmou o presidente do sindicato, José Vieira. O capitão PM é reincidente em prisões: em 1998 foi preso por extorquir topiqueiros.

Ontem, muitos dos novos operadores só assistiam aos autônomos trabalhando nas vagas que já deveriam ter abandonado. “A orientação da empresa é não entrar em conflito com ninguém, mas permacener nos postos de trabalho”, disse um deles.

“Temos uma cota mensal de 720 mil bilhetes. Como assumimos dia 10, deveríamos vender 480 mil, mas nesses 3 dias só conseguimos 15% da cota diária”, lamentou o gerente da Embrapark, Sérgio Leite, vítima de ameaças de morte desde segunda.

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