BRUTALIDADE DA POLÍCIA

Cenas da brutalidade da polícia

Integrante do Grupo Nós do Morro, do Vidigal, acusa PMs de agressão. Policiais negam

Felipe Sáles

Às vésperas do dia mais importante da democracia, Ipanema presenciou cenas de brutalidade e abuso de autoridade cometidas por policiais do 23º BPM (Leblon). Abordado por ter entrado de moto na contra-mão e estar sem o documento de habilitação, o contra-regra José Alexandre Ferreira Tuñas, 31 – integrante do Grupo Nós do Morro – foi espancado, encarcerado e algemado por oito PMs – embora o uso de algemas tenha sido proibido pelo Supremo Tribunal Federal. Tuñas acusa os policiais de terem pedido suborno, enquanto os soldados o acusaram de estar embriagado.
Várias pessoas flagraram a brutalidade e, revoltadas com o excesso de força desproporcional ao delito, fotografaram a cena protagonizada pelos soldados Rodrigo Parpinelli da Silva e Marco Aurélio às 13h de quinta-feira em plena Rua Joana Angélica, na esquina com a Rua Prudente de Moraes. Segundo o depoimento dos policiais, prestado na 14ª DP (Leblon), Tuñas, ao ser abordado, teria tentado fugir e a resistir fisicamente à voz de prisão e à colocação de algemas por estar aparentemente embriagado.
Seis policiais chegaram em reforço. Alexandre levou pancadas no rosto, pernas e costas. Os pulsos ficaram inchados devido às algemas. O rosto de Alexandre foi imprensado contra o chão. Mesmo estando em frente ao trabalho, o Teatro Ipanema, onde é contra-regras da peça O Patrão, os policiais disseram que Alexandre tentou fugir.
Soldado teria pedido R$ 200
Já Tuñas disse que foi preso por ter se negado a pagar R$ 200 aos policiais para que não apreendessem a moto. Ele admite ter entrado na contra-mão – "não mais do que dois metros" – e nega que estivesse alcoolizado. Tuñas fez exame de corpo delito e alcoolemia no Instituto Médico–Legal (IML), mas os laudos ainda não ficaram prontos.
Tuñas faria inicialmente apenas exame de alcoolemia, mas no caminho o soldado Rodrigo o teria ameaçado. Um outro policial ainda teria dito que "se não desse as chaves da moto daria um tiro ali mesmo". Morador do Vidigal, Tuñas acredita ter sido vítima de preconceito.
– O pior foi o constrangimento, fui tratado como bandido – reclamou. – Os policiais eram jovens que se sentem poderosos com uma farda. O Estado está armando moleques, da mesma forma que o tráfico.
Levado para a delegacia algemado, Tuñas foi colocado na carceragem. O advogado de Tuñas, Marcus Vinicius da Silva Rocha, acusou os policiais de constrangimento ilegal.
– Foi um absurdo mobilizar oito PMs armados para a prisão, sem que ele tivesse ameaçado ou tentado fugir, até porque estava em frente ao seu trabalho – argumentou.

3 comentários:

  1. Eu acho muito estranho que os dois policiais tenham pedido reforço sem que o motoqueiro tenha esboçado alguma reação ou que até mesmo alguma turminha coça-saco dos direitos humanos, que fazem plantão em qualquer esquina, tenha tentado tumultuar a ação policial.

    De qualquer forma, se o cidadão estava sem habilitação, ele estava ilegal. Manda o bom senso que ele acompanhasse tranqüilamente os PMs até a delegacia para poder esclarecer os fatos.

    Ou será que a polícia não está na rua para coibir as ilegalidades, sejam de integrantes de Nós do Morro ou de Nós no Palácio?

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  2. Meu querido, que feio esse seu discurso um tanto quanto fascista sobre os direitos humanos. Se você não conhece a brutalidade da policia é por que não é negro ou pobre. O combate a violência urbana é algo muito importante mais não podemos admitir que isso seje utilizado como desculpa para absurdos como o aqui narrado!

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  3. Eu não sou negro nem pobre mesmo. Mas também não sou analfabeto. Eu jamais diria que "O combate a violência urbana é algo muito importante MAIS não podemos admitir que isso SEJE utilizado como desculpa para absurdos como o aqui narrado!"

    Deve ser a nova ortografia do Lula: Mas virou mais e seja virou seje (argh!).

    Tá certo. Os dois devem ser adverbos, e como tal, vareiam, não é mesmo?

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