FIM DA PASSARELA



19/09/2008 02:20:00

Passarela pode 'sambar' Prefeito admite colocar abaixo parte do conjunto arquitetônico do obelisco de Ipanema, para alegria da maioria dos moradores da região. Obra foi das mais polêmicas do projeto Rio Cidade

Flávia Salme e João Ricardo Gonçalves

Rio - Construída sob protestos, com a atual função de ligar o nada a lugar nenhum, a passarela que margeia o obelisco de Ipanema pode estar com os dias contados. Em seu último ano à frente da prefeitura, Cesar Maia mostra que quer fazer as pazes com o bairro e, para isso, estuda destruir a obra que mais provocou polêmica em seu primeiro mandato (1992 a 1996). “Todos ali são contra a passarela. Além de atrapalhar a circulação, é horrorosa”, critica o comerciante Ernesto Chapa, 73 anos, dono de um salão de cabeleireiros em frente à instalação. “As demandas dos moradores são sempre analisadas”, afirma o prefeito.

Você é a favor da demolição da passarela do obelisco de Ipanema?

Cesar ressalta que apenas a passarela pode sair. O obelisco, que quando foi erguido chegou a receber apelidos jocosos como ‘falo do prefeito’ e ‘tchan do Cesar Maia’, ficará intacto no meio da Rua Visconde de Pirajá, onde foi instalado em 1996, como parte do Rio Cidade.
Funcionários da prefeitura garantem que o prefeito já impôs uma condição para acabar com a passarela, na época orçada em US$ 100 mil: quer que seja derrubada em apenas um dia, para não atrapalhar o tráfego. Técnicos, porém, já concluíram que o trabalho levaria no mínimo dois dias.
Quando começou a ser montada, a passarela provocou a ira de moradores das ruas Visconde de Pirajá e Henrique Dumont, que não queriam ‘visitantes’ passando em frente a suas janelas. “Protestamos contra a construção. Ainda hoje é irritante ter que conviver com isso”, lembra a aposentada Heloísa Simonsen, 59 anos. “Quem morava nos andares mais baixos temeu a falta de privacidade e segurança”, destaca a vice-presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia Fernandes Loureiro, 55, ao explicar os motivos que obrigaram a prefeitura a mexer no projeto do arquiteto Paulo Casé, que será consultado sobre a demolição.
Enquanto esperam a palavra final de Cesar Maia, moradores se antecipam e comemoram a chance de se livrar do incômodo. “A passarela é muito feia, só deteriora a região. Destruir será ótimo”, apóia o diretor-superintendente da Associação Quadrilátero do Charme de Ipanema, Bruno Pereira. “De fato, os moradores até hoje reclamam. A obra não agradou, isso é unanimidade”, reconhece o subprefeito da Zona Sul 1, Paulo César Becker.

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