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Falta de policiais com habilitação deixa viaturas paradas na Zona Sul

Felipe Sáles, Jornal do Brasil

RIO - Mudanças no policiamento da orla e a frota renovada da Polícia Militar – cujas viaturas, paradas nas calçadas, dão uma falsa sensação de segurança – vêm mascarando a escassez de policiais com carteira de habilitação. Numa ronda feita nesta sexta-feira pelo JB na orla, três viaturas baseadas na Avenida Atlântica, em Copacabana, estavam trancadas e sem policiais por perto. Além disso, do Leme a Ipanema, havia policial em apenas uma cabine – a que fica em frente ao tradicional Copacabana Palace.
– É policiamento para inglês ver – criticou um policial, que pediu para não ser identificado. – Muitos não têm habilitação e, com isso, as viaturas são exibidas na orla só para dar uma falsa sensação de segurança.
O comandante do 19º BPM (Copacabana), coronel Edson Almeida, já puniu três policiais por terem abandonado a viatura – o último deles, na semana passada, ficou quatro dias detido. Almeida, porém, negou que as viaturas sejam abandonadas na orla por falta de policiais capacitados.
– Eventualmente, alguns policiais podem estar com a carteira vencida ou de fato não estão habilitados – admitiu Almeida. – Mas todos que dirigem as viaturas obviamente estão habilitados e não há déficit de motoristas ou problemas com rondas. O que acontece são falhas humanas, do policial se ausentar e não comunicar ao batalhão.
Por volta das 15h, quando o JB esteve no bairro, os policiais deixaram o posto para almoçar, segundo o coronel, mas serão advertidos por não terem avisado à sala de operações do batalhão. O comandante elaborou uma cartilha, distribuída a todos os soldados do 19º BPM, lembrando as diretrizes da corporação – e a falta de comunicação é uma das mais desrespeitadas.
Até o governo Rosinha Garotinho, o concurso da Polícia Militar não exigia que os candidatos tivessem carteira de motorista. A assessoria de imprensa da corporação não forneceu o número de policiais habilitados, mas defendeu que tanto policiais das cabines quanto das viaturas deixam a base para fazer rondas à pé. De acordo com Almeida, o que prende o policial à viatura é o rádio – para que saibam das ocorrências em andamento – mas, segundo ele, todos os policiais possuem rádios portáteis.
– Ninguém tem ordem para abandonar viaturas – disse Almeida. – O policial pode se ausentar, mas tem de manter o carro à vista.
Almeida ressaltou que aumentou de três para seis o número de motocicletas circulando no bairro, que conta ainda com seis quadricículos e três carros elétricos. Segundo o comandante, em sete meses 460 pessoas foram presas – média de duas prisões por dia.
Mudança no policiamento
De Ipanema ao Leblon não havia policiais em nenhuma das quatro cabines da orla. Segundo o comandante do 23º BPM (Leblon), coronel Carlos Milan, o policiamento da praia foi modificado e os policiais que ficavam nas cabines estão agora atuando no calçadão.
– No inverno as praias ficam menos movimentadas, e isso facilita a ocorrência de pequenos delitos – argumentou Milan. – Por isso deslocamos os policiais das cabines para o policiamento à pé.
As cabines continuam como referência para os policiais, de acordo com o comandante. Além do policiamento à pé, o batalhão conta com quatro carros elétricos circulando pela orla. As praias do Leblon e Ipanema também estão sendo monitoradas por câmeras de seguranças. Milan não soube informar se há déficit de policiais com carteira de habilitação no seu batalhão.
– Não tenho a informação se todos têm habilitação – admitiu. – Se dissesse qualquer coisa seria de forma empírica, nada oficial.

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