PM Solto

PM acusado de atirar em rapaz em Ipanema é solto
Para Justiça, prisão era ilegal; policial agora responde processo em liberdade.Jovem Daniel Duque foi baleado em frente a uma boate na Zona Sul do Rio no dia 28.
Foi solto na tarde desta segunda-feira (14) o policial militar suspeito de atirar e matar o jovem Daniel Duque, em frente a uma boate em Ipanema, Zona Sul do Rio na madrugada do dia 28. Marcos Pereira do Carmo foi denunciado pela Promotoria de Justiça por homicídio com dolo eventual - quando o autor assume a responsabilidade pelos seus atos. Ele responderá ao processo em liberdade.
Marcos prestou depoimento nesta tarde, e deixou o Fórum do Rio, no Centro da cidade, em liberdade. A Justiça decretou a revogação da prisão de Parreira, alegando que ela seria ilegal. Segundo o juiz Sidney Rosa, é necessário que se analise como foi feita a prisão.

“A prisão em flagrante pode ocorrer em quatro hipóteses dentro da lei. A prisão do réu não se deu em nenhuma delas. O fato ocorreu por volta das 5h, e o ato de prisão somente foi lavrado à noite. Desta forma, a prisão do réu é inteiramente ilegal”, afirmou.

O juiz explicou também porque não concedeu a prisão preventiva.

“Para a prisão cautelar ser concedida, se faz a indicação de fatos concretos de que o réu ou indiciado, em liberdade, poderá frustrar de forma ilícita a atividade jurisdicional. O réu é primário, não possui maus antecedentes, tem residência fixa, emprego estável, não havendo, portanto, motivos a ensejar a custódia cautelar”, ressaltou.

Depoimento
No depoimento, o PM se defendeu das acusações, dizendo que o tiro que matou o jovem teria sido acidental. Segundo o policial depois de dar dois tiros para o alto, Daniel Duque teria tentado tirar a arma de Parreira, quando foi atingido acidentalmente.

De acordo com o policial, Pedro e ele teriam chegado à boate às 3h30, onde permaneceram até as 5h20 com mais três pessoas, entre elas o jogador do Botafogo Diguinho. O PM afirmou que todos se preparavam para ir embora quando surgiu Bruno, amigo de Pedro, acompanhado de uma mulher. O casal estaria sendo perseguido por um grupo de dez a 12 pessoas.
Marcos, então, teria gritado para que todos entrassem no carro e, para afugentar o bando, efetuou dois disparos para o alto. Segundo o PM, os rapazes do grupo estavam com “ódio extremo”, chegando até a agredir com um soco a gerente da boate, que tentava acalmar os ânimos. Segundo o policial, ao olhar para trás para verificar se Pedro já se encontrava no interior do veículo, Daniel se aproximou e segurou sua arma. O PM afirmou que, nesse momento, a pistola teria disparado.
Durante o interrogatório, Marcos também disse que trabalhava como segurança de Pedro Velasco há sete anos e que já havia ido à mesma boate outras vezes, sempre acompanhando Pedro.

Laudo indica tiro à queima roupa
A polícia recebeu o laudo do Instituto Médico Legal que mostra como e onde Daniel Duque, de 18 anos, foi atingido. O laudo, segundo o diretor de polícia da capital, Sérgio Caldas, já foi juntado aos autos e consta que a causa da morte foi um tiro que entrou na altura da axila.“Não foi transfixante e constam lesões pelo corpo. Aponta especificamente a ferida causada pelo projétil. Foi à curtíssima distância, foi bem próximo que ele tem elementos característicos de pólvora”.

Segurança de filho de promotora
O policial fazia segurança do filho da promotora Márcia Velasco, Pedro Velasco. A promotora divulgou uma carta solidarizando-se com os pais de Daniel . A mãe de Pedro clamou por justiça. Em carta, a promotora, que está sob proteção policial há sete anos em razão de ameaças do traficante Fernandinho Beira-Mar, disse que ela e sua família convivem com o medo.Márcia Velasco diz, ainda, que o policial Marcos Parreira do Carmo sempre demonstrou autocontrole e pede que ele seja julgado, e não pré-julgado, com o direito de defesa que se deve a todos, e que até Beira-Mar recebeu.

No depoimento que prestou à 14ª DP (Leblon), Pedro Velasco confirmou a versão do soldado da PM. O jovem relatou que viu o PM sendo cercado e quase dominado pelo grupo que estava com a vítima.

Amigo dá outra versão
Já um amigo de Daniel, identificado apenas como Gustavo, deu outra versão. De acordo com a polícia, o jovem disse que ele, Daniel e mais outro amigo foram xingados por um grupo de rapazes. Segundo Gustavo, um homem sacou uma pistola e apontou na sua direção dizendo que ele queria arrumar confusão. Durante a briga, Gustavo disse ter ouvido três tiros e, em seguida, viu Daniel caído no chão, levando ainda dois chutes.

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